"O QUE FAZEMOS POR NÓS PRÓPRIOS MORRE CONNOSCO, MAS O QUE FAZEMOS PELOS OUTROS E PELO MUNDO PERMANECE. E É IMORTAL." (ALBERT PINE)

Museu José Manuel Soares (Casa da Cultura - Pinhel, Guarda)

Museu José Manuel Soares (Casa da Cultura - Pinhel, Guarda)
A equipa de "ABYSSUS LUSITANIS - O Abismo de Portugal" apoia e procura auxiliar a divulgação e convidar os nossos leitores a visitar o Museu José Manuel Soares (Casa da Cultura), em Pinhel (Guarda).

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

OS ERROS DO PASSADO NÃO PODEM SER REPETIDOS!


A situação é gravíssima...

Não me surpreendeu rigorosamente nada, já esperava há muito tempo. Apesar disso, é da obrigação de todos os democratas e verdadeiros socialistas a denúncia e o esclarecimento!

Pedro Passos Coelho, actual face do PSD, traz à ribalta ideias que tresandam a naftalina, que só lhes falta o acompanhamento da velha saudação "sieg heil" e da máxima "tudo pela nação, nada contra a nação" – pretende governar segundo as directrizes que caracterizaram o Estado Novo, esses tempos negros de um Portugal suicidado. Mas não está só: Paulo Portas, um extremista de direita, vem finalmente desmascarar aquilo em que muitos portugueses não querem acreditar: no PS, no PSD e no CDS-PP não há diferenças rigorosamente nenhumas – o que nos reporta à velha frase, que deixo incompleta propositadamente como forma de respeito aos leitores e aos colaboradores do blogue, que é "só as moscas é que mudam". A face do CDS-PP veio afirmar-se disponível para uma coligação entre o seu próprio partido, o PSD e o PS. Acho que com este "descuido" já não deve haver quaisquer dúvidas sobre os populistas neo-liberalistas e capitalistas que nos governam desde há mais de 30 anos – e quem ainda as tiver, urgentemente deverá consultar um médico, não sei se de otorrinolaringologia, oftalmologia, ou qualquer outra especialidade. Já Pedro Passos Coelho demonstra uma ofensiva ainda mais preocupante para o que resta da democracia e do país: pretende uma revisão constitucional fascizante, pondo fim aos direitos fundamentais que tentam igualar, em oportunidades, os pobres aos ricos [acrescento que faço hoje, 13 de Agosto de 2010: e combatendo o socialismo pelo qual tanto Portugal teve de lutar... e que ainda tem de lutar e muito!!!].

Karl Marx e Friedrich Engels, no "Manifesto Comunista", afirmaram e com muita razão: a luta de classes, entre a burguesia e o proletariado, é a mais antiga batalha do mundo, e encontra-se numa preocupante ascensão. Preocupante, pois ainda há quem adira a estes partidos populistas e nacionalistas e vote nestes senhores feudais, sem sequer saber o que realmente está a destinar para o país. Já cantava Geraldo Vandré, revolucionário brasileiro, que nestes quartéis ensina-se uma antiga lição de morrer pela pátria e viver sem razão – neste caso, mutatis mutandis, os quartéis são estes três partidos única e exclusivamente.

E outro facto que verificamos é este: o chamado "partido dos neo-nazis", o PNR, não se manifesta... mais silencioso que ele, só um hamster (sem ofensa ao animal). Tal como outros autores denunciaram, e muitíssimo bem, neste espaço de diálogo e debate, as políticas nacional-socialistas, fascistas, ou como lhe queiram chamar, estão novamente em ascensão, desta vez sob o manto de "partidos sociais-democratas", onde se defende a "social-democracia", seja lá o que isso for – e diz-nos o ditado popular que a limpeza deve começar em casa, ou seja: é em Portugal que devemos começar a marcar a diferença, é em Portugal que urge impedir que esses castradores do socialismo vinguem. Patriotismo nunca foi nem será sinónimo de fascismo, bem antes pelo contrário: o fascismo aproveita-se da chantagem do patriotismo para ganhar terreno (não esqueçamos, como exemplo, os métodos de António de Oliveira Salazar e de Marcello Caetano). Mantendo cada um a sua linha orientadora, a sua ideologia, a esquerda tem de encontrar um fim em comum, que tem de ser o fim do ou combate ao neo-liberalismo e ao capitalismo, às medidas anti-socialismo, às medidas anti-Abril.

Eu costumo ser optimista, afirmando que as portas que Abril abriu estão semi-cerradas e que Portugal encontra-se em coma. A partir de hoje, grito em plenos pulmões, não derrotado pois não me rendo, mas triste e desiludido com o nosso país: Portugal está morto, as portas que Abril abriu estão cerradas a cadeado – novamente! Costuma-se dizer que os erros do passado repetem-se... eu digo que é possível não se repetir esses erros. Neste mundo não existem impossíveis – senão basta lembrarmo-nos de que aquando da escrita das obras de Jules Verne era "impossível" viajar-se de submarino, e no entanto hoje só falta existirem submarinos para mexer a sopa no lugar das típicas conchas.

Como fazê-lo? Isso é mais complicado. Mas com o raciocínio, é possível retirarmos as palas que o neo-liberalismo e o capitalismo colocaram sobre o povo a nível mundial para que possam não ser obrigados a olhar num único sentido, para que possam olhar para os outros sentidos. Senão vejamos: Portugal libertou-se das garras fascistas ao mostrar os outros caminhos possíveis, e daí resultou a gloriosa Revolução dos Cravos. E com isso, vieram os movimentos socialistas, como a reforma agrária – não esqueçamos que, a nível mundial, a reforma agrária portuguesa foi a mais exemplar e gloriosa de todas! No entanto, o cheiro a naftalina asfixiou esse glorioso movimento, a partir dos fundadores dos mesmos partidos que hoje arruínam o país – PS, PSD (então denominado PPD) e CDS-PP, então chefiados por Mário Soares, Francisco Sá Carneiro e Freitas do Amaral. A forma de expressão do PSD não é surpreendente: foi fundado por um ex-membro da Assembleia Nacional (aquilo a que hoje chamamos de "Assembleia da República", de Oliveira Salazar); por parte de Mário Soares, vá-se lá saber... uma coisa é certa: foi dos (senão "o") exilados que viveu melhor, facto que dá-nos que pensar. Da parte de Freitas do Amaral, imagine-se!

A esquerda não se consegue afirmar – os media estão, igualmente, ao serviço do neo-liberalismo e do capitalismo. Que fazer? Recorde-se que o sucesso de Vladimir Lenin não se deveu aos media, apesar do jornal revolucionário "Pravda". As suas teses e tácticas, além das teses dos fundadores da ideologia comunista como Karl Marx e Friedrich Engels, têm de ser revistas e postas em prática com a devida adaptação aos tempos correntes. A luta de massas é a chave para a salvação do país, mas a união das mesmas é difícil no Portugal contemporâneo, por haver uma fortíssima surdez cerebral criada pelos próprios neo-liberais e capitalistas (com os norte-americanos como protagonistas) através das mentiras e calúnias, e pelo combate, ao socialismo e ao comunismo.

O socialismo não é conveniente para os senhores feudais como Passos Coelho, José Sócrates e Paulo Portas, e seus comparsas, que representam uma ínfima parte do país (bem como do mundo). Para a maioria do povo, já não é assim: o socialismo é a resposta à ofensiva da crise, é a forma de conseguirmos viver numa paz mais duradoura, numa vida melhor, num mundo onde impera a fraternidade e a igualdade, enfim: num mundo socialista comunista. Principalmente aos que se julguem anti-comunistas dá voltas ao estômago, mas é verdade: só num mundo socialista comunista há igualdade e fraternidade.

Só o empenho e a luta devem ser recompensados e não o puro oportunismo e populismo, traços caracterizadores dos neo-liberais e capitalistas. A reforma agrária é a única forma de conseguirmos superar a crise que vivemos, que iniciou-se há mais de 30 anos e na actualidade atingiu um dos seus vários auges, talvez o maior de todos até hoje. Só com a reforma agrária o país pode voltar a produzir aquilo que os neo-liberais e capitalistas trataram de impedir no nosso país e promover a justiça social. "Quando a terra for do povo, o povo deita-lhe a mão. É isto a reforma agrária em sua própria expressão: a maneira mais primária de todos termos um quinhão da semente proletária da nossa revolução", escreveu Ary dos Santos e muitíssimo bem.

Continuem-se as lutas de massas como a de 29 de Maio e de 8 de Julho – essas lutas são, verdadeiramente, o exemplo daquilo que todo o país, principalmente a juventude e os desempregados, deve fazer: não permitir o avanço do anti-socialismo! Público é de todos, privados é de alguns: não se permita a privatização!

Se permitirmos que esses senhores feudais privatizem a produção nacional, permitiremos que nos privem das nossas vidas!

Portugal tem de revoltar-se contra o oportunismo e o neo-liberalismo. Só o esclarecimento e a união das massas poderão trazer um futuro melhor. Eleitoralmente, tornou-se quase impossível. Então faça-se um novo Abril, organizado, que nos traga a reforma agrária, enfim: que nos traga o socialismo perdido em Novembro de 1975.

Fernando Barbosa Ribeiro


Nota: este texto foi originalmente escrito a 22 de Julho de 2010.

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