"O QUE FAZEMOS POR NÓS PRÓPRIOS MORRE CONNOSCO, MAS O QUE FAZEMOS PELOS OUTROS E PELO MUNDO PERMANECE. E É IMORTAL." (ALBERT PINE)

Museu José Manuel Soares (Casa da Cultura - Pinhel, Guarda)

Museu José Manuel Soares (Casa da Cultura - Pinhel, Guarda)
A equipa de "ABYSSUS LUSITANIS - O Abismo de Portugal" apoia e procura auxiliar a divulgação e convidar os nossos leitores a visitar o Museu José Manuel Soares (Casa da Cultura), em Pinhel (Guarda).

sábado, 12 de março de 2011

ACORDA PORTUGAL!!!


Novas lutas se aproximam…

Dentro em breve, haverá uma nova luta – a manifestação de 19 de Março, promovida pela CGTP-IN e apoiada pelo Partido Comunista Português. Esta será mais uma jornada para mostrar a nossa indignação para com a exploração a que somos sujeitos pelos governos PS, PSD e CDS-PP e não apenas a este governo em particular. Um protesto contra o Imperialismo de que somos alvo – se não fosse a nossa adesão à União Europeia, não nos seriam impostas leis que obrigam a importar produtos que Portugal consegue produzir e melhor, teríamos a nossa moeda (talvez a principal ferramenta para o funcionamento da Economia de qualquer país), seríamos um país verdadeiramente independente.

No último contributo, levantei uma questão que não era falada há muito tempo. Essa questão foi a da independência nacional, reconquistada em 1640. Com a adesão à União Europeia, como é bom de ver, estamos a ceder a nossa independência, e corremos o risco de a perder novamente. Quem é verdadeiramente patriota não aceita a nossa submissão à União Europeia… mas o povo demonstra uma enorme falta de patriotismo por não aceitar aqueles que o são e que o demonstram através da sua oposição a esta submissão. Antes de tudo, há a distinguir dois conceitos frequentemente confundidos: nacionalismo e patriotismo. Patriotismo traduz-se no amor ao seu país, no sentimento de cidadania (enquanto cidadão do seu país – no caso de Portugal, o sentimento de ser português), no orgulho de ser filho daquele país. Para quem não acredita, partilho a informação constante naquele que talvez seja o mais rico dicionário de Língua Portuguesa – o Houaiss. Segundo este dicionário, conjugando os conceitos de patriotismo com patriota e pátria, temos o seguinte: “qualidade ou característica de quem é patriota; devoção à pátria”, “que ou aquele que ama a pátria e a ela presta serviços; que é da mesma pátria, (…) o sentido de ‘amigo da pátria’”, “país em que se nasce e ao qual se pertence como cidadão; terra natal, parte do país em que alguém nasceu; a terra paterna; local de nascimento de um grupo ou de um facto que interessa a uma colectividade, ou que se destaca pela existência de um grande número de coisas de uma espécie determinada; berço; lugar considerado como o melhor; república, nação, Estado, região, país, o país natal, o solo natal”. Nutro este sentimento, incondicionalmente.
Já nacionalismo é totalmente diferente por um único motivo: apesar de partilhar, de certa forma, daquilo que define o patriotismo, não defende apenas o seu país mas também a sua raça. Quem se assume nacionalista, assume-se racista quer queira quer não. Quem se assume nacionalista, assume-se nazi e fascista, pois os comportamentos de ambos foram nacionalistas, racistas. Em suma, para um patriota somos portugueses, para um nacionalista somos da raça lusitana. Sou contra ideias nacionalistas, pois a ideia da “raça pura” é um mito, uma utopia. Mas o sentimento de patriotismo é real – para isso, basta nascermos num país (que é inevitável – mesmo nascendo no meio de um oceano, o país a que pertence o barco será a sua pátria, e o mesmo acontece com os aviões). Ou seja, quem é anti-patriota é contra o seu país e contra si próprio. Quem é anti-nacionalista, é contra a defesa de uma utopia – a raça. Espero ter conseguido esclarecer de uma vez para sempre esta distinção, mas estou disponível para tentar explicar melhor e em qualquer altura aos caros leitores.

E porquê o desvio? Simples: era importante, para que os caros leitores compreendam melhor o meu ponto de vista, partilhado por tantos. Urge a nossa separação da União Europeia, mas nestes tempos difíceis de crise não é viável. Mas em tempos melhores, tentou-se abrir os olhos aos portugueses – que preferiram não ligar nenhuma. E agora… a célebre e irritante frase: “eu bem vos avisei”. O Partido Comunista Português avisou Portugal sempre, e continua a avisar. Mas ninguém liga nenhuma. Porquê? Isso é mais complexo, mas não é inexplicável. Apesar de não existir, ainda, um motivo definido, encontrado, continua-se a tentar. Vou tentar contribuir com mais umas hipóteses.

Antes de mais, há uma enorme ignorância por parte do povo – doa a quem doer, esta é a verdade. E esta ignorância explica-se pelos sentidos anti-partidários que têm crescido, devido… à ignorância. Sim caro leitor: se julga que esta hipótese é uma “pescadinha de rabo na boca” (passo a expressão), em que andamos em círculos sem conseguir sair dela, está parcialmente certo… só parcialmente, pois há uma saída, que é a conclusão que apresentei (a de que o povo é ignorante). Os países imperialistas (Estados Unidos da América, entre outros), também ironicamente chamados de ocidentais, fizeram tudo por tudo para denegrir a imagem daquela que era uma das maiores potências do mundo: a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) – inventaram-se histórias ridículas mas extremamente credíveis para quem não conheceu a URSS de perto, e/ou para quem não estuda o que foi a URSS. E muitas vezes, centra-se a imagem da URSS em Stalin, quando este não foi a URSS – foi só um dos seus governantes. E já agora, sim… muitas das atitudes de Stalin são meritórias de reprovação. Mas só o são se não compreendermos a História: o que se passava no mundo para que o que Stalin fez seja razoável? Simples: uma profunda crise económica mundial, as constantes tentativas de pôr fim ao Socialismo Comunista (que é totalmente diferente ao regime capitalista que impera no Ocidente desde, pelo menos, o século XII) e consequente tentativa de corrupção desse regime, o constante risco de ser obrigado a participar noutra guerra (que se traduz na perda de vidas, na ruína de um país (note-se que pode ser uma ruína económica, mas esta é a menos provável desde que o país produza as suas próprias armas) e na ruína patrimonial do mesmo)… enfim, uma panóplia vasta demais para estar a enunciá-las neste espaço. Uma obra que recomendo vivamente: “O Socialismo Traído”, das Edições “Avante!”.
A Cuba, os procedimentos são exactamente os mesmos, mas com uma agravante: o embargo. E só graças a este embargo podemos ver um Socialismo que se traduz em “todos são pobres”. O Socialismo não é nem nunca foi sinónimo de tal – só o é enquanto permitirmos que os países imperialistas embarguem, bloqueiem, os países socialistas. Eis um foco de enorme ignorância da maioria.

Além disso, voltando a Portugal, o país tem sido governado sempre por três únicos partidos: PS e PSD, com ou sem CDS-PP. Porquê? Talvez haja a crença de que as pessoas fazem os partidos… em parte é verdade, mas essa parte é diminuta. Quem pode, no seu pleno juízo, defender políticas contra a produção nacional se é, a título de exemplo, agricultor? Quem pode defender políticas contra o combate efectivo ao desemprego (através do impulsionar da produção nacional, da criação de mais postos de trabalho, no impulsionar da Cultura e da Educação) se é desempregado e/ou de bases de ensino baixas? Só quem anda desatento. A título de exemplo, foi publicado recentemente no jornal PÚBLICO uma notícia que dizia que o CDS-PP é o único partido defensor da agricultura… pois é, pena é que não tenham visto os diversos programas do Partido Comunista Português, e acima de tudo os próprios Estatutos do mesmo – pois a produção nacional, destacadamente a agricultura e não só, não é algo que este partido defenda pura e simplesmente: é o que o define. Essa é a principal linha orientadora do PCP, e a sua ideologia marxista-leninista vem reforçar ainda mais esta afirmação. Curiosamente, há quem engula as calúnias do jornal PÚBLICO sem confirmar primeiro a veracidade das suas afirmações, o que é revoltante e lamentável.
Por fim, o combate ao impulso Cultural e Educacional da população portuguesa. Salazar disse, numa entrevista ao jornal O SÉCULO, na década de 30, que “um povo culto é um povo ingovernável”. Pois é… está explicado o porquê de em um mês poder tirar-se o 12º ano quando só se tinha a antiga 4ª classe… e o porquê de um aluno da antiga 4ª classe estar melhor preparado para tudo e possuir uma maior e mais vasta Cultura do que os actuais estudantes universitários. Foi a este ponto que chegámos! E como pode ver, caro leitor, apesar do ciclo vicioso, encontrámos a saída: há que impulsionar a Educação e a Cultura, e pôr fim ao consumismo e à imbecilidade que é promovida constantemente nas nossas vidas (principalmente nos nossos meios de comunicação social). Enquanto tal não for combatido (a imbecilidade e o consumismo), continuaremos a ouvir cada vez mais o “não me chateies” quando confrontamos as pessoas com verdades sobre o estado do país.

Decorrente da ignorância, vem um possível segundo motivo para ninguém ouvir o Partido Comunista Português: o preconceito. Recordando o facto de ninguém querer saber o que realmente foi a URSS e o que realmente é Cuba, bem como o que realmente é a ideologia e o programa Comunistas, é óbvio que, ao engolir tantas mentiras, gera-se um sentido anti-Comunista na população. E recordando o facto de se acreditar que as pessoas fazem os partidos e não o contrário, aí temos o sentido anti-partidário: afirma-se que “todos os partidos são iguais”, quando só fomos governados por 3 dos 5 principais, para não falar dos restantes que não têm assento na Assembleia da República. Vota-se sem se querer saber do que se passa na vida parlamentar, na vida política, enfim sem se praticar efectivamente a cidadania (se bem que votar também é um acto de cidadania – aliás, o principal deles todos!).

Por fim, a transmissão da mensagem do “inevitável”. “É inevitável” ter que pagar mais impostos para sair da crise, “é inevitável” acabar com os subsídios de desemprego para impulsionar a Economia Nacional, “é inevitável” morrer de fome para salvar o país da crise… mas pelos vistos não é inevitável ir buscar o dinheiro onde ele se encontra: nas grandes empresas, nos grandes mercados internacionais, na banca, nos privados… “é inevitável” tirar subsídios e gerar mais pobreza, mas não é inevitável cortar um salário de 50.000€ (cinquenta mil euros) a um jornalista da TVI, ou um salário de 100.000€ (cem mil euros) ou superior a um empresário, ou obrigar aos bancos a pagarem os impostos que devem pagar em sede de IRC. Recomendo vivamente a leitura de um estudo recente de Chomsky sobre o tema na “inevitabilidade” – no qual explica as dez estratégias para a persuasão.

Dia 19 de Março teremos uma nova jornada de luta. Mostremos que não aceitamos essas “inevitabilidades”, de que existem outras soluções (que existem!), de que recusamo-nos a ser explorados e oprimidos pelas políticas de direita que nos governam desde Novembro de 1975. “Vozes ao alto, vozes ao alto, unidos como os dedos da mão” (excerto de “Jornada”), como escreveu José Gomes Ferreira e musicou Fernando Lopes-Graça, a Vitória final é nossa: do povo! O povo unido jamais será vencido!


Fernando Barbosa Ribeiro

terça-feira, 8 de março de 2011

100 ANOS DO DIA DA MULHER & 90 ANOS DO PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS


(texto originalmente publicado no blogue “Liberdade e Cidadania”, para o qual contribuo)

Este sincero contributo é dedicado a todos os meus camaradas (simpatizantes e/ou militantes do Partido Comunista Português) e a todas as mulheres que prosseguem na luta por uma vida mais justa e mais digna. As minhas saudações!

Estive para comentar, há tempos, por esta ligação que posso ter com os meus caros amigos leitores, algo que no comício do PCP na Aula Magna no passado dia 4 de Março foi atenuado. Esse comentário destinava-se a uma tentativa de analisar o discurso do Partido. Apesar de tudo, de forma mais ténue, não deixarei de expor parte do meu ponto de vista, já partilhado por alguns.
Sobre o comício a que fiz alusão, devo sublinhar a emoção despertada em todos os Comunistas… naqueles que viveram os tempos do fascismo, e naqueles como eu que não o viveram “na pele” mas que o vivem diariamente na alma. Confesso que fiquei profundamente emocionado não só com a participação gloriosa do Coro Lopes-Graça, bem como com o vídeo organizado pelo Partido e exposto ao público na Aula Magna. Um vídeo que transportou-nos aos tempos da profunda luta contra o fascismo, às vidas de tantos camaradas (uns anónimos, outros nem tanto) que deram a vida pela morte do fascismo e pela implantação de uma verdadeira Democracia Socialista (que infelizmente tem sido chacinada desde Novembro de 1975, e tal genocídio prossegue nos dias de hoje), ao sentimento que tantos partilharam aquando da Revolução (e que sentimento… literalmente, chora-se de alegria), à maravilhosa Reforma Agrária que se lhe seguiu… e depois às infelicidades que surgiram e que continuam actualmente, aos golpes praticados contra a Revolução de Abril, contra os seus valores, contra todos aqueles que lutaram para que Abril tivesse acontecido. Como vêem, não faço justiça ao dizer apenas que aquele comício despertou uma forte emoção a todos os presentes. Após a exposição do vídeo, foi a altura das intervenções, das quais tenho que sublinhar a de Jerónimo de Sousa, para poder estabelecer o elo de ligação àquilo que pretendo dizer-vos a seguir. Neste discurso, Jerónimo de Sousa não se limitou a “discursar” como tantos outros políticos fazem: falou “com” os presentes e aqueles que quiseram ouvi-lo, e não apenas “para” eles. Comentou-se, como não podia deixar de ser, alguma actualidade como a recente submissão do nosso Primeiro-Ministro à Alemanha e à União Europeia – tendo ele estendido o barrete para pedir esmola à chanceler Merkel, parafraseando o discurso do secretário-geral do PCP.

Discuti com algumas pessoas, e entre elas algumas concordaram comigo. Mas não sou o iluminado que chegou à conclusão… apenas dou continuidade à luz que despertaram. No meu caso particular, foi com a intervenção de um camarada da minha organização que “vi a luz” (ou “uma parte da luz”) do problema que existe com o meu nosso Partido. Esse, é o teor discursivo. A ver de alguns, e que partilho, o Partido fala muito para os seus militantes, mas esquece-se de que há muitos que não são militantes… e isso é condição suficiente para que não percebam e/ou não concordem com os pontos de vista proferidos pelo PCP. Por mais que estes temas sejam estudados e aprofundados, não é toda a gente que compreende a nossa opinião (“nossa”, do PCP – visto que sou militante deste Partido) sobre os “mercados internacionais”, sobre “as políticas de direita”, entre outros temas. E não basta proferir os nossos pontos de vista por meias palavras, pois nem todos são conhecedores da plenitude das nossas opiniões, projectos, propostas, etc. Ou seja: o Partido tem que se dirigir mais ao povo em geral. E uma coisa que eu acrescento, é a escassa intervenção praticada junto da população – seja qual for o motivo para tal (porque há vários, mas não me irei prolongar sobre isso não só porque não devo, como também porque acho escusado para este sincero contributo). Não basta (não deixando de ser necessário) que se coloque as nossas propostas (escritas em papeis de diversos tamanhos e grafismos) nas caixas de correio da população e ter a esperança de que esta leia, perceba e concorde. Para começar, a maioria não lê… posso falar pelo universo do prédio onde moro, e onde sou indirectamente discriminado desde que souberam da minha filiação política aquando fiz parte das listas de candidatos à freguesia onde moro, que só num ou em dois pisos deste lêem (ou não deitam fora no nosso contentor…) o que partilhamos com eles; ao mostrar a amigos e/ou à minha família, por vezes levantam-me questões pertinentíssimas e cujos temas devem ser melhor explicados nos comunicados; por fim, dependendo da explicação e do cérebro de quem a recebe, talvez concordem.

Mas isto é extremamente genérico… se o caro amigo leitor me permite, vou-me cingir agora a um universo que considero mais importante… os jovens, quer os da minha geração, quer os de geração imediatamente posterior, quer os de gerações mais novas que a minha. Procurando estudar sociologicamente a sociedade que me rodeia, verifico que, em bom português, os jovens deste país não querem saber de Política para nada (salvo raras excepções, nas quais me incluo pois desde os 12 anos que me interesso por Política, desde os 14 anos que procurei um partido com que me identificasse, e só aos 17 anos encontrei-o e desde então que estou com ele como militante – o Partido Comunista Português; foi por decisão estritamente pessoal, e sem quaisquer influências, que me juntei ao PCP). Aliás, diga-se de passagem, os jovens querem cada vez mais saber menos… seja do que for. Mas por culpa de quem? Posso adiantar desde já que a culpa não é estritamente dos pais (apesar de estes não deixarem de ser culpados). Basta analisar-se o que passa nos nossos meios de comunicação social (principalmente a televisão) para compreendermos o porquê – mas só para começar. Ou é aquilo a que chamo o “programa idiota”, ou são as toneladas de publicidades para jogos e outros tipos de consumismo, ou é a falta de programas educativos… enfim, uma autêntica lista de Schindler. No meu tempo (tenho 20 anos de idade), ainda havia desenhos animados de cariz educativo, e até programas “para divertir” com algum cariz educativo… hoje, a chamada “Geração DragonBall” e posteriores carece desses programas. Mesmo em brinquedos, só vemos aquilo a que chamo “brinquedos para a estupidez”, destacando as consolas cujos jogos, na sua plenitude, são de guerra e violência desmedidas. Podem chamar-me de antiquado… mas há quem me chame de racional, contra a ideia daqueles que me chamam de antiquado. Não maço os meus amigos leitores com a experiência pessoal, descrevendo com o que é que me divertia – mas terei todo o gosto em expô-lo em local mais próprio.

Outro dos problemas é o combate massivo à Educação. Como disse há tempos Medina Carreira, Portugal parece uma fábrica de doutores. Eu corrijo este argumento, pois não vejo doutores nenhuns. Vejo muitos com o título, mas muito poucos com o mérito – e portanto, não há doutores, mas sim muitos DR’s (leia-se “dê-erres”). Eu frequento a licenciatura de Direito (sou terceiranista no regime de Bolonha dos 4 anos de licenciatura), e acho ridículo que se possa ser licenciado em Direito em apenas 3 anos. Aliás, já acho ridículo o regime em que me obrigam a frequentar a licenciatura – sou apologista do antigo regime em que a licenciatura era de mais anos. A preparação e o Ensino eram diferentemente melhores, apesar de não serem perfeitos (nunca o foram). E portanto, como é bom de ver, concordo com a opinião do Dr. António Marinho e Pinto, que penso seja bem conhecida e portanto não vou alongar-me expondo-a. Mas se este problema se limitasse ao Ensino Superior, menos mal… mas este defeito começa no próprio Ensino Básico. O incentivo à Cultura e à descoberta do Conhecimento por auto-recriação é nulo, e já no meu tempo era escasso. Trata-se os jovens como se fossem bebés, ao invés de os preparar para a vida futura e para o desenvolvimento pessoal. Elimina-se a opção de os jovens serem obrigados a pensar por si – sempre me recusei a que “me dessem a papinha à boca” (passo a expressão), mas hoje todos, inclusive os pais, fazem isso aos jovens. Fora outras questões. Que fazer?
As bases devem ser dadas em casa. Os pais têm que obrigar os filhos a pensar por si. Obviamente que não é desde que nascem, pois senão nem sequer seria possível aprender-se a andar. Mas a partir de umas bases mínimas (faça-se uma analogia para “teorias”), há que incentivá-los a desenvolverem essas mesmas bases (faça-se uma analogia para “práticas”). Lenin escreveu e disse: “A teoria sem a prática de nada vale, a prática sem a teoria é cega”. Reflictam sobre isto. Para os jovens, deixo um conselho, que é algo escrito por Karl Marx, que reflecte bem qual a minha opinião sobre o estado de Portugal actual e da sua juventude: “Os homens fazem a sua própria história, mas não o fazem como querem... a tradição de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos”.

Para concluir, o Dia da Mulher. A sua história é um exemplo, e partilho-a convosco pois acredito que muitos a ignorem. No dia 8 de Março de 1857, as operárias de uma fábrica de tecidos situada na cidade norte-americana de Nova Iorque fizeram uma grande greve, tendo ocupado a fábrica e começado a reivindicar melhores condições de trabalho, tais como a redução na carga diária de trabalho para dez horas (as fábricas exigiam então 16 horas de trabalho diário), a equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem para executar o mesmo tipo de trabalho), e o tratamento digno dentro do ambiente de trabalho. Diga-se de passagem que a manifestação foi reprimida com total violência. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas, num acto totalmente desumano. Porém, somente no ano de 1910, durante uma conferência na Dinamarca, ficou decidido que o 8 de Março passaria a ser o "Dia Internacional da Mulher", em homenagem às mulheres que morreram naquela fábrica em 1857. Mas esta data só foi oficializada no ano de 1975 pela ONU. É de facto importantíssimo assinalar esta data por aquilo que a luta destas mulheres (e de tantas outras como Catarina Eufémia, Carolina Beatriz Ângelo, e tantas outras por esse mundo fora).

A todos os Comunistas e a todas as mulheres, reitero as minhas saudações, com umas palavras que escrevi num dos projectos que tenho para futuros livros da minha autoria: “A vida sem luta é o perfeito estado de coma”.

Fernando Barbosa Ribeiro
(liberdadeecidadania.blogspot.com)