"O QUE FAZEMOS POR NÓS PRÓPRIOS MORRE CONNOSCO, MAS O QUE FAZEMOS PELOS OUTROS E PELO MUNDO PERMANECE. E É IMORTAL." (ALBERT PINE)

Museu José Manuel Soares (Casa da Cultura - Pinhel, Guarda)

Museu José Manuel Soares (Casa da Cultura - Pinhel, Guarda)
A equipa de "ABYSSUS LUSITANIS - O Abismo de Portugal" apoia e procura auxiliar a divulgação e convidar os nossos leitores a visitar o Museu José Manuel Soares (Casa da Cultura), em Pinhel (Guarda).

domingo, 10 de outubro de 2010

Inconsciência, falta de Cultura


Portugal continua debaixo de palas… para variar pouco.

Este sincero contributo destina-se a comentar um pouco a visão que se retirou do Centenário da República, bem como outras situações que ocorreram entretanto. Patriota e republicano, afirmei e afirmo que não comemoro em especial a República na data marcada, mas sim diariamente – é uma coisa que não pode restringir-se a uma data. Já o próprio 25 de Abril, comemoro-o diariamente, apesar de se encontrar suicidado. Não deixo, contudo, de comemorar estas datas com maior ênfase nos próprios dias.

Quanto ao Centenário da República, devo expressar a minha total indignação por diversos meios de comunicação social terem centrado as suas notícias quanto às opiniões dos monárquicos e do próprio Duarte Pio. Não é que mereçam o silêncio, mas não merecem, principalmente nesta data, que se dê tamanha importância. Mas concordaria, por exemplo, num relato do que aconteceu nas datas que marcaram o caminho para a República – a primeira tentativa de 1891, o Ultimatum inglês, o regicídio, a própria Implantação da República, e aquilo que mais marcou realmente a República, como o primeiro voto feminino. Em simultâneo, quantos desconhecem como se processou realmente a Implantação da República… é lamentável que ninguém (ou quase) saiba quem foi, de facto, o Almirante Cândido dos Reis e a história por detrás deste republicano – a título de exemplo. Ainda mais constrangedor é verificar-se a adesão de algumas mulheres aos pensamentos monárquicos (veja-se uma das notícias que saiu no Diário de Notícias), quando era precisamente nessa altura (e não só) que eram pior tratadas enquanto ser humano. Elas lá saberão… a menos que pretendam ser rainhas ou princesas, pergunto-me qual seria o gosto.

O que é ainda mais revoltante é a discriminação da esquerda enquanto força política. Senão repare-se: na I República, já existia um partido de esquerda que nunca foi eleito (nas dezenas de Governos que houve, não houve um único de esquerda – mas houve de direita e de extrema-direita); na II República a esquerda foi perseguida, torturada, assassinada, censurada, e mais “-adas” que não cabe aqui dizer; nesta, que é a III República, a esquerda é discriminada e silenciada desde Novembro de 1975. Mas se não fosse a esquerda (latu sensu), não havia República, não havia Democracia, não teríamos saído das garras da Ditadura. Ou seja: que grande contradição! Um povo de esquerda que discrimina a esquerda enquanto força política?! Não é para admirar, ficar espantado, mas sim para chorar e enfurecer quem não se revê nesta incongruência do povo português. Um povo que sempre lutou, que sempre defendeu o desenvolvimento, que sempre foi (mas começa a não ser) patriota – basta ver-se: os Descobrimentos, as revoluções que houve na História, as grandes batalhas travadas, a não-aceitação da governação espanhola, são exemplos do povo revolucionário que somos… o próprio hino nacional é revolucionário! – e no entanto continua-se a apoiar o neo-liberalismo, o reaccionário, a estagnação, a corrupção, o crime, o populismo, o capitalismo… se isto os deixa confusos, acreditem que isto ainda é só a ponta do iceberg… porque há mais, muito mais. Mas para isso, é necessária uma enorme disponibilidade dos caros leitores para lerem ou ouvirem aquilo que seria o relatar do verdadeiro patriotismo, e não do pseudo-patriotismo defendido no Estado Novo e nos dias de hoje.
Sou republicano, não por ter nascido e por viver neste regime – que já é pseudo-republicano. Mas sim porque defendo o tratamento por igual do ser humano, porque defendo a Liberdade, Igualdade e Fraternidade (curioso que os franceses já não o defendam…), porque defendo o pluralismo, porque defendo a verdadeira Justiça… e além disso, acresce o meu lado defensor do verdadeiro Socialismo. Porque ser-se republicano e anti-socialismo é ter-se uma mente muito perturbada e extremamente confusa, e é essa a mente que os portugueses têm demonstrado possuir.

Passando a temas mais recentes, veja-se o enfoque dos meios de comunicação social à “guerra” entre José Sócrates e Passos Coelho (entre aspas porque não passa de um claro e vergonhoso show-off) sobre o novo “pacote” de medidas de austeridade. Porque será que as demais opiniões não merecem o mesmo destaque? Porque será que a Esquerda continua silenciada e discriminada? Enfim, porque será que os portugueses continuam a permitir que façam deles os burros que já são, a permitir que lhes mantenham as palas para não se desviarem dos caminhos que os populistas e neo-liberalistas pretendem que continuem a seguir (para proveito próprio e nada mais), a permitir que sejam arruinados e condenados à miséria (ou até mesmo à morte)? A resposta é complexa, mas pode-se resumir a uma palavra principal e a três acessórias da principal: inconsciência, falta de Cultura. E são estas quatro palavras, que resumem o estado actual do país, que intitulam este sincero contributo: o povo português aprova (através do voto nos partidos de direita, e da abstenção) que Portugal seja entregue aos chacais. Não sei que haverá, ainda, a salvar do que tínhamos: a República, Abril, Portugal, Povo português… suicidados enquanto permitirem sê-lo!
Os meios de comunicação social estão descaradamente ao serviço do grande capital, dos imperialistas, dos capitalistas, dos neo-liberais e populistas, dos senhores feudais, em suma: da direita PS, PSD e CDS-PP (e ainda a propósito do Centenário da República, adiciono à lista o PPM). E o povo não contraria tal. Daí que a Constituição mereça uma alteração: de modo a torná-la mais imperativa, de modo a fazer-se cumprir, de modo a que estes crimes sejam controlados com maior vigor – Portugal não precisa de Constituições adaptadas ao neo-liberalismo, mas sim de Constituições Abrilistas que se façam cumprir custe o que custar! E esse cumprimento começa na Cidadania – os cidadãos portugueses têm o dever de cumprir e fazer cumprir a Constituição Portuguesa, e não apenas o Tribunal Constitucional e os políticos.

Dia 24 de Novembro haverá uma nova jornada de luta – histórica, pois finalmente a UGT irá, a priori, juntar-se à CGTP-IN, pela segunda vez na História. Vejamos o resultado – espero que seja bem melhor que o apresentado já nas lutas de 29 de Maio, 08 de Julho e 29 de Setembro, e volto a saudar todos os que participaram nestas lutas pois fizeram, para já, o que Portugal inteiro devia fazer sempre: não permitir que os ricos fiquem mais ricos, que os pobres sejam mortos para os ricos não pagarem, não permitir que apenas os criminosos nos governem. Nas eleições presidenciais de 2011, também vou querer ver o resultado… espero que seja bem melhor do que aquele que prevejo.

Portugal precisa de uma reforma agrária, em defesa da produção nacional (a única coisa capaz de nos salvar), e não de ser sugado por vampiros reaccionários. Portugal precisa de uma política patriota, e não imperialista e capitalista. Portugal precisa de uma política de esquerda, e não populista e neo-liberalista. Enfim, Portugal tem que acordar!

Portugueses, quando estiverem preparados: cresçam e apareçam! Basta de PS, PSD e CDS-PP! Basta de abstenções! Levantai-vos, uni-vos e lutem! Mesmo que não seja pelo vosso país, lutem por vós e pelos vossos descendentes – que eles não pediram para vir a um país de que ninguém gosta no estado em que se encontra. Cresçam e apareçam!

Fernando Barbosa Ribeiro

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

NOVAS MEDIDAS DE AUSTERIDADE - PARA "COMBATER" A CRISE...


“E agora, senhoras e senhores, a única, a fenomenal: A CRISE!”…

O caro leitor pode achar esta introdução pouco vulgar – aliás, digna de marcação de um número num circo – mas o estado a que Portugal chegou actualmente não serve nem para um “teatro-piolho”, como eram designados e conhecidíssimos antigamente. E nem sequer possui um mínimo de piada. Dedicamo-nos, neste sincero contributo, a uma breve análise das últimas medidas de austeridade anunciadas por José Sócrates, bem como o papelão que este e Passos Coelho desempenham em público.

Podia-se (e ainda se pode) ouvir e ler em todos os meios de comunicação social as mais recentes propostas de medidas de austeridade a aplicar em Portugal. De entre todos, destacam-se o aumento do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA), o congelamento das pensões, e a redução salarial na função pública. Só por ouvir isto, sem proceder a qualquer análise ou reflexão, pode-se dizer com toda a certeza que a palavra de ordem no nosso país é “se os ricos não querem pagar, matem-se os pobres”… após essa abordagem, a conclusão será bem mais negra. Vamos por partes.

Propõe-se que o IVA seja aumentado para 23% (actualmente, encontra-se a 21%). Pergunta-se, visto não ter sido esclarecido: este aumento será em todos os produtos ou apenas a alguns? E se for a alguns, quais são eles? Sim, com este ministro tudo é possível… não esqueçamos a célebre entrevista em que o “palhaço”, como o cognominou e muito bem o jornalista Mário Crespo, disse que a Coca-Cola e a Pepsi Cola são bens de primeira necessidade, ao lado do pão e do leite, entre outros bens.
Tal aumento será de facto razoável para esses falsos produtos de primeira necessidade – refiro-me, obviamente, à Coca-Cola e à Pepsi Cola – mas seria totalmente irracional e desumano para os bens como o pão, o leite, enfim: para aqueles produtos que são estritamente necessários para a sobrevivência humana. E não só alimentares: também concordaria com este aumento noutros “bens” como o tabaco, a título de exemplo. Mesmo assim, há que reflectir: que trará este aumento para a economia nacional? A resposta é óbvia, apesar de Sócrates, Passos Coelho e Paulo Portas fazerem por (e com sucesso) colocar palas ao povo português: nada. O contributo será totalmente irrisório, tal como já alguns estudos, entre os quais os de Honório Novo (e mais atrás no tempo, os do Prof. Dr. Saldanha Sanches), demonstraram irrefutavelmente. Ou seja: o único “benefício” a retirar deste aumento será a diminuição do consumo de determinados produtos por não haver dinheiro suficiente para gastar na aquisição dos mesmos.

Ainda dentro dos impostos, fala-se em reduzir as deduções no Imposto sobre os Rendimentos das Pessoas Singulares (IRS), destacadamente as referentes à Saúde, à Educação, e aos dos benefícios fiscais. O PSD afirmou, e sem querer bem, que se trata de um aumento de impostos camuflado – de facto assim é, pois com a não dedução de determinadas despesas o imposto será mais elevado… apesar disso, nada no Código do IRS nos diz que tal traduz-se, formalmente, num aumento de impostos. Explicando-me: de facto e na prática é o que acontece, mas na lei, na teoria e na efectivação da medida (que distingo-a da prática) tal não acontece. Antes de analisar, há que compreender o que é aquilo a que chamam de “benefícios fiscais”: definidos em diploma próprio (o Estatuto dos Benefícios Fiscais, decreto/lei nº 215/89 de 1 de Julho, com as devidas actualizações), são definidos pelo número 1 do artigo 2º deste como “as medidas de carácter excepcional instituídas para tutela de interesses públicos extrafiscais relevantes que sejam superiores aos da própria tributação que impedem”. Traduzindo, trata-se das despesas fiscais, previstas no Orçamento de Estado ou em documento anexo, e (caso se aplique) nos orçamentos das Regiões Autónomas e das autarquias locais – a saber: as isenções, as reduções de taxas, as deduções à matéria colectável e à colecta, as amortizações e reintegrações aceleradas e demais medidas fiscais que obedeçam ao disposto no artigo supra referido. E agora que já estamos mais esclarecidos, que tal este corte? Sinceramente manifesto-me contra, pois penso que os detentores de benefícios fiscais serão, precisamente, os mais desfavorecidos, e aqueles que mesmo não o sendo não são os detentores dos mais elevados rendimentos.

Por fim, dentro dos impostos, fala-se em criar um imposto ao sector financeiro. Mas que será isto? Não esqueçamos que a direita PS, PSD e CDS-PP é famosíssima por parecer dizer uma coisa e no fim acabar por dizer o contrário… daí que mantenho esta pergunta em aberto, já que a resposta a ela é desconhecida. Só quando se souber a resposta a esta será possível falar-se. Mas posso adiantar o seguinte: a nossa legislação fiscal actual prevê um pesado imposto aos bancos, o qual nunca é cobrado. Apenas se cobra uma parte. Mas o que é pago pelos bancos não chega a cobrir metade do que é cobrado. Com isto, já adianto uma das minhas sinceras posições: os bancos é que são a fonte, e não o povo esfomeado e em coma! Se o imposto sobre os bancos for cobrado como deve ser, já será uma belíssima medida de combate à crise – mas os senhores feudais neo-liberalistas e populistas não desejam nem por nada que isto aconteça. Uma segunda posição, que indirectamente redirige-se aos bancos, é o aumento da tributação na banca – porque será que até hoje não se paga muito por investir na banca e na bolsa? Porque será que ainda hoje o artigo 10º do Código do IRS (a título de exemplo) vem referir que, e cito: “excluem-se [dos ganhos obtidos que, não sendo considerados rendimentos empresariais e profissionais, de capitais ou prediais] as mais-valias provenientes da alienação de acções detidas pelo seu titular durante mais de 12 meses e as obrigações e outros títulos de dívida” (apesar de este disposto ter sofrido entretanto, tanto quanto parece, algumas alterações)? Enfim, porque será que a banca não é tributada (ou: não é tributada como deve ser)? A resposta é óbvia, mas não pretendo repetir-me.

Uma outra solução para a crise, fora das áreas fiscais, e que tenho tantas vezes vindo a repetir… mas desta vez cito alguns versos de Ary dos Santos: “mesmo que seja com frio, o que é preciso é aquecer” (de «As portas que Abril abriu»). Ou seja: Portugal precisa de produzir! Sem produção nacional, é impossível sair-se são e salvo desta crise – mas como os senhores feudais não são os prejudicados, mantém-se o país intacto quanto à produção nacional… aliás, faz-se por afundar ainda mais o país neste campo.

Além destas áreas, mais não conseguimos aprofundar, de momento, devido a algum (“compreensível”) silêncio da direita. Mas já agora aproveito a comentar as palavras que o PSD dirigiu ao PS: “o senhor Primeiro-Ministro é um político inimputável”. E o meu comentário é tão somente o seguinte: ainda bem que o PSD está muito enganado nesta afirmação, senão José Sócrates não poderia ser culpado de nada do que já fez de mal a Portugal!

Em jeito de conclusão, faço uma breve alusão à manifestação, bem como às greves e paralisações, realizada no dia 29 de Setembro. Segundo a CGTP-IN e o Partido Comunista Português, só em Lisboa participaram mais de 50 mil trabalhadores, e no Porto participaram mais de 20 mil. Estes números são surpreendentes e saúdo calorosamente todos esses milhares, independentemente de eu ter sido um deles. Mas pergunto-me o que terá acontecido a tantos outros milhares que fizeram com que não se pudesse circular na zona da Avenida da Liberdade, em Lisboa, por se encontrarem mais de 300 mil trabalhadores. Acredito que em parte se deva ao facto de as entidades patronais não permitirem a greve, visto que apesar do nome desta manifestação não se pode considerar a mesma uma greve – e mesmo apesar de, para muitas entidades patronais, a CGTP-IN ter enviado um comunicado a “proclamar” a greve. Carvalho da Silva, homem que normalmente sabe o que diz, cometeu apenas um erro: afirmou que a direita não analisa os dados. Antes pelo contrário: analisa-os e são extremamente eficazes nas suas análises – senão não nos encontraríamos nesta situação de crise.

O país necessita de uma política patriótica e de esquerda urgentemente. A direita não pode voltar a triunfar, senão Portugal está condenado (mais do que já se encontra). E isso só pode ser feito de uma destas maneiras: eleitoralmente (com a união dos verdadeiros Socialistas, da verdadeira Esquerda)… ou por outro meio que se já foi empregue umas quantas vezes, não será problema para os verdadeiros Socialistas realizá-lo mais uma vez – mas que essa vez seja a última necessária: unam-se as massas, una-se o proletariado, una-se a verdadeira Esquerda, a fim de alcançar a Vitória final! FAÇAMO-LO POR PORTUGAL!

Fernando Barbosa Ribeiro


Nota: este é o primeiro sincero contributo escrito originalmente neste blog, na data indicada - 01 de Outubro de 2010.

A REVISÃO (IN)CONSTITUCIONAL


"Era uma vez um país onde entre o mar e a guerra
vivia o mais infeliz dos povos à beira-terra."

(Ary dos Santos, in «As Portas Que Abril Abriu»)

‎"O ceptro da justiça é o ceptro do crime:
Duro como um cutelo e frágil como um vime.
(...)
É um mundo que ri e um mundo que assassina:
Os guizos do jogral e as trevas da batina.
E o povo... o povo é rei! E rei como Jesus,
Para beber o fel, para morrer na cruz."

(Guerra Junqueiro, in «A Morte de D. João»)

Assim introduzo este novo e sincero contributo, dedicado à reflexão sobre revisão da Constituição proposta pelo PSD... deixarei que os pensamentos dos caros leitores justifiquem-na, não porque careça de motivo mas sim para tentar encontrar um pouco de consciência no meio do povo português.

Ontem à noite, em horário tardio (acho que não pode ser considerado "nobre"...), pode-se ouvir as vozes de vários intervenientes no programa "Prós e Contras" da RTP1, ao qual pude assistir. E devo salientar que, quando terminou, tive uma enorme dor no peito - do lado esquerdo. O meu coração destroça-se ao verificar que é "nisto" que os portugueses depositam o seu voto, que é "nisto" que depositam a confiança e o dever de governar Portugal.

Tanto quanto se consegue perceber (já que muita coisa, não surpreendentemente, é ocultada ao povo), a revisão da Constituição da República Portuguesa (doravante, por conveniência, designá-la-ei como CRP) proposta pelo PSD consiste, essencialmente, nas alterações quanto aos direitos fundamentais do acesso à saúde, à educação e ao emprego. E sobre estas áreas me limitarei neste sincero contributo - se necessário, realizarei um novo contributo com análise, ou reflexão, sobre restantes alterações. Aos mais curiosos e que possuam acesso (via internet ou por outro meio) à CRP, referimo-nos aos artigos 53º e seguintes (capítulo dos direitos, liberdades e garantias dos trabalhadores), artigo 43º (com a epígrafe "liberdade de aprender e ensinar"), artigos 58º e 59º (com as epígrafes "direito ao trabalho" e "direitos dos trabalhadores", artigo 64º (com a epígrafe "saúde"), e os artigos 73º e seguintes (capítulo dos direitos e deveres culturais).

Comecemos.

O PSD veio expressar o facto de existirem leis vigentes que são contrárias ao estipulado na CRP, e veio defender a escolha do "tipo de ensino" como irónica e cinicamente lhe chamaram. O PS veio acenar com a cabeça (o que foi proferido não é nem a favor, nem contra). O CDS-PP veio acenar com a cabeça e bater palmas (ou seja: tanto dizia que apoiava, como de repente já não apoiava: se exististem camaleões em Portugal, esses estão sem dúvida, mas não só, no CDS-PP!). O Bloco de Esquerda veio contrariar com justificações sem nexo (ou seja: não sabia argumentar como deve ser - fez-me lembrar os estudantes que não estudaram bem a matéria, mas que andam às voltas, quais moscas em redor do estrume, à procura de "acertar no alvo" se me permitem a expressão). Sobre o Partido Comunista Português, o assunto muda de figura: atacou com força, e digno de uma distinção nacional, esta proposta. Mas agora é a minha vez - ainda tenho o direito à liberdade de expressão e de pensamento... e mesmo que já não os tivesse, não me calaria. Nem em Tarrafais!

Uma coisa é certa, e aí temos que dar razão a essa afirmação do PSD e do CDS-PP: os encarregados de educação têm o direito de escolha. Mas não é do "tipo de ensino": é do tipo de estabelecimento de ensino! O ensino deve ser igual para todos - independentemente de os professores serem diferentes e de os métodos de ensino utilizados por cada professor serem diferentes. Passo a explicar: existe um programa afixado a nível nacional pelo Ministério da Educação, e tanto os manuais como os professores (seja de que escola for) têm de cumprir esse disposto, não impossibilitando que ensine mais alguma coisa (se houver tempo). A única diferença no "tipo de ensino" que poderá existir é no ser mais ou menos religioso, de resto tem de ser (por força desse disposto) igual em todas as escolas do país. Então e que vantagem traz a opção de colocar o educando numa escola privada ao invés de o colocar numa escola pública, ou vice-versa? Bom, aqui falo pela minha experiência, que estudei em escolas primárias públicas e num liceu privado: a diferença está nas pessoas que frequentam o estabelecimento. Posso dizer que nunca vi alunos de etnia cigana no liceu onde estudei, e só comecei a ver alunos africanos e asiáticos depois de, pessoalmente, ter acusado aquele estabelecimento de ensino de praticar racismos e xenofobias... mais tarde, acusei uma série de professores de branquearem o fascismo (e até o nazismo do III Reich) e de realizarem falsas acusações ao Comunismo (ainda só tinha 13 anos de idade quando o fiz, e voltei a fazê-lo num trabalho que apresentei mais tarde sobre a II Guerra Mundial e sobre Anne Frank, a autora de "Diário"). À parte destas decorações, a essência da Educação era exactamente a mesma. E concordo que se diga, nos tempos em que se vive, que os cidadãos têm direito a escolher - mas não é isso que está em causa. O que está por detrás desta frase, e que não é revelado com clareza, é o plano de privatizar a Educação - ou seja, regressamos à elitização da Educação, tal e qual acontecia no Estado Novo. António de Oliveira Salazar proferiu, numa entrevista ao jornal «O Século» na década de 30, uma das frases que melhor caracteriza a direita: "um povo culto é um povo ingovernável". E é esta máxima que o PSD, o CDS-PP e o PS vêm trazer das cinzas: pretendem um país de incultos, inconscientes, e quiçá de analfabetos. O próprio deputado e professor universitário António Filipe, do Partido Comunista Português, disse e muito bem que o direito a essa escolha não estava em causa, mas sim o assegurar do acesso universal à Educação. Sobre isto, o PSD e o CDS-PP, com a companhia discreta do PS, vieram chamar a esta medida de utópica - dizem que ninguém tem esse acesso universal, principalmente nos dias que correm de "crise". Sobre a crise, digo desde já: preparem-se, caros leitores, pois a crise nunca chegou, até hoje, a Portugal - isto é só um problemazinho, a verdadeira crise ainda está para vir, principalmente se PS, PSD ou CDS-PP forem reeleitos!

Utópica... pergunto desde quando - hoje, vejo muitos com aquilo a que se chamava a 4ª classe, e que tiveram um acesso quase gratuito a essa escolaridade (quase gratuito, pois os livros poderão ser comparticipados, mas são pagos na mesma...), apesar daquilo que os números nacionais revelados pelo INE dizem. Posso estar enganado, mas creio piamente que a grande maioria dos que representam a taxa de analfabetismo em Portugal contemporâneo são os que passaram a sua juventude no Portugal suicidado de Salazar ou de Marcello Caetano. Seria conveniente que, aquando da realização desta pesquisa, o INE distinguisse quem, nessa percentagem, nasceu e/ou viveu nos tempos mais remotos e quem nasceu/viveu no pós-25 de Abril, pois só assim poderíamos ficar a saber que raio representa essa percentagem.

Além disso, como referimos, o PSD afirma que existem leis contrárias ao disposto na CRP e que vigoram - ou que não foram declaradas insconstitucionais pelo Tribunal Constitucional. Sobre isto, há a dizer aquilo que há meses Jerónimo de Sousa proferiu: o incumprimento da Constituição, de todas as formas e feitios possíveis, é o caminho para que tal aconteça. Tal como acontece na Alemanha (por exemplo), devia ser obrigatório o estudo e a oferta gratuita da CRP a todos - o seu estudo, genérico, seria no ensino primário. Os alemães aprendem a ler e a escrever no ensino primário, tendo como primeira leitura escolar a sua Constituição, a qual é totalmente gratuita! Em Portugal, só os licenciados em Direito e os curiosos conhecem a Constituição, e é necessário pagar-se quase 10 euros (2.000 escudos) para adquirir uma cópia da CRP... depois admirem-se que haja povos onde a denúncia de fraudes fiscais, entre outros crimes, se encontre mais presente no estrangeiro do que em Portugal - ao contrário do que muitos portugueses dizem, não é uma questão de mentalidade do povo ou da "raça" (passo a expressão) portugueses! É sim, uma completa ignorância, inconsciência e falta de cultura! Os portugueses são, segundo dizem, um povo sereno, por não saberem, e não por serem mais ou menos calmos... ou como se diz para os bois, "mansos".

Um dos casos mais flagrantes é o facto de existirem dezenas (senão centenas ou milhares) de leis laborais (do Código do Trabalho, entre outros) claramente inconstitucionais mas que assim não foram declarados pelo Tribunal Constitucional e/ou que nunca foram devidamente analisados. Diz o PSD sobre isto, com a concordância do CDS-PP e do PS: "se as leis são contrárias à CRP, então mude-se a CRP". Permitam-me recorrer a esta expressão para dizer o que quero partilhar convosco: «eu ainda sou do tempo» em que fazia-se ao contrário: a lei fundamental era "intocável" e "inviolável", enquanto que as leis e decretos-lei que violassem a CRP não eram válidos e não podiam vigorar! Mas para a direita não: a Lei Fundamental é que tem de acompanhar as leis que são criadas diariamente. Mais ridículo que isto parece-me de extrema complexidade...

Por fim, pelo menos neste contributo, temos a questão da Saúde.

Sobre este tema, há a dizer que igualmente existe a liberdade de escolha quanto ao estabelecimento de Saúde - se é um hospital privado ou não, se é uma clínica privada ou não. Devo, antes de mais, salientar que no Estado Novo a Saúde também não era para todos (e não me refiro apenas à privação que a PIDE/DGS dava aos Comunistas e extremistas-de-esquerda em se tratarem) - era só para quem pudesse pagar. E aproveito para louvar, apesar de estar muitíssimo longe da perfeição (muito mais longe que Portugal, e indubitavelmente mais longe do que Cuba - o país com o melhor, ou dos melhores, Sistema Nacional de Saúde do mundo), o fim da vergonha que imperava nos Estados Unidos da América propiciado por Barack Obama. Haja Deus que o senhor Nóbel da Paz faz alguma coisa para justificar a atribuição de tal prémio (para mim não justifica, mas ajuda a não o ver tão desumano quanto pretende continuar a ser).

O direito à Saúde é um bem estritamente necessário. A privatização desta seria a sentença de morte para a grande maioria dos portugueses... e permitam-me parafrasear uma máxima que o Sindicato dos Médicos da Zona Sul mostra todos os anos na manifestação do 1º de Maio: "alguns têm médicos privados, outros estão privados de médicos". Com a mudança dos tempos, sugeriria a alteração desta para "alguns têm médicos privados, muitos estão privados de médicos", e se a Saúde for privatizada deverá ser alterada para "alguns têm médicos, outros têm doentes"... pois é o mais previsível: com a privatização da Saúde, alguns doentes terão o acesso à Saúde (uma minoria), enquanto que a grande maioria dos doentes terão pura e simplesmente o acesso às doenças... e assim se manterá enquanto estas não pagarem por isso!

Ainda sobre o direito ao emprego, mas trata-se de um assunto ligeiramente desviado: felicito os alemães da BMW pela extraordinária (e exemplar) iniciativa de colocar os trabalhadores mais velhos (que iriam ser reformados ou despedidos devido à idade avançada) noutras funções idênticas às realizadas pelos jovens. Ao contrário do que PS, PSD e CDS-PP pretendem fazer em Portugal (e que estão a levar a cabo), a BMW foi pioneira (tanto quanto se sabe) nesta medida, que permite manter ou aumentar a produção de automóveis, diminui consideravelmente o prejuízo da empresa, e permite a estes cidadãos contribuírem para o seu país. Modéstia à parte, há anos que grito em plenos pulmões: "despedir e privatizar dá mais prejuízo que manter os contratados e manter as empresas públicas". E a BMW veio provar pelo menos metade da teoria: de facto é mais lucrativo manter-se os velhos.

Uma outra questão é a contratação sistemática de médicos estrangeiros: será que ainda ninguém percebeu que obrigar os estudantes de Medicina a estudar fora de Portugal e contratar médicos estrangeiros dá prejuízo nacional? Será que não percebem que os estudantes que vão para o estrangeiro raramente regressam? A título de exemplo, posso referir-me ao Hospital de Santa Maria: temos uma autêntica "exposição internacional", com médicos cabo-verdianos, iraquianos, espanhóis, paraguaios, etc. Não me parece mal termos estrangeiros - são muito bem-vindos. O que me parece mal é expulsar, cordialmente, os portugueses!

E agora vou parecer repetitivo, mas a notícia é de hoje: devido a uma chuva de granizo e trovoada, nas oliveiras de um local sobre o qual não tomei nota, milhares de azeitonas ficaram arruinadas. E lembrei-me imediatamente: o que é feito da produção nacional, que é a verdadeira chave para o combate a esta crise, ao invés das revisões (in)constitucionais das direitas? Resposta: nada. Tudo depende daqueles olivais arruinados, e de poucos mais. Com uma boa e verdadeira reforma agrária (que é urgente fazer-se em Portugal), este assunto era aborrecido mas não era "o fim do mundo", passo a expressão. Mas os nossos governantes, e pelos vistos o povo aprova, preferem importar leite aguado, batatas sem sabor, azeitonas sem qualidade, frutas que parecem feitas de cera (e com sabor idêntico), etc. Portugal, acorda!!! Se Portugal produzir, pouco que seja (que não é assim tão pouco, mas vamos colocar esse cenário), é um óptimo caminho para o fim desta crise. E o único - repito: único! - capaz de solucionar este problema eficazmente e a longo prazo.

Permitam-me recomendar, além das leituras a que directa ou indirectamente aludi, a leitura do contributo do meu amigo João Andrade da Silva, presente no blog "Liberdade e Cidadania", publicado recentemente, o qual pretendi enriquecer.

E volto a parecer repetitivo com esta, que é a minha despedida neste sincero contributo: os culpados não são só os nossos governantes, do PS, PSD e CDS-PP. Os culpados são, também, os que votam neles. E mais do que esses, os culpados são os abstencionistas: limitam-se a aceitar quem é eleito pelos que efectivamente votam, logo concordam com estes governos. Espero que, nas eleições presidenciais de 2011, se verifiquem alterações para um bom caminho - o caminho da solução. E a solução está no voto; no voto útil, que é o voto na verdadeira Esquerda Socialista, na Esquerda Comunista, na única política patriótica que existe para servir o povo português e que não está "para" mas sim "com" o povo português!

Fernando Barbosa Ribeiro

Nota: este texto foi originalmente escrito a 21 de Setembro de 2010.

OS CÂNDIDOS E O CANDIDATO À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA PORTUGUESA - 2011


Agora sim, podemos falar!

Ao contrário dos neo-liberalistas e dos populistas, preferi falar só agora sobre as eleições presidenciais que se aproximam – serão em 2011. Arrisco-me a que nem todos os candidatos a este lugar se encontrem definidos, mas penso que os já definidos dão para falar com maior margem de manobra e, portanto, que este sincero contributo possua um cariz mais democrático.

Mas antes de me referir à nova campanha, devo recordar aos caros leitores alguns aspectos, bem como criticá-los – não faço mais que o meu dever de informar e manter alerta as nossas mentes e capacidade de compreensão do que se passa no nosso país.

Confesso que fiquei deveras decepcionado com a eleição do presidente Cavaco Silva. Esta decepção deveu-se à confirmação da minha desconfiança em como o povo português é muito esquecido por natureza… e por sinal, perdoa com demasiada facilidade os erros crassos que estes senhores cometem. Recordo aos caros leitores um facto que, apesar de nessa altura ser muito novo para sequer ter reparado nele, não deixou de me chamar a atenção quando o revi através da RTP Memória – canal que considero muito elucidativo e educativo quando visto com o cérebro, se é que me faço entender. Refiro-me, obviamente, à famosa polémica em torno do aumento das portagens da então única ponte sobre o rio Tejo, a Ponte 25 de Abril (ou, para quem ainda não se actualizou, a Ponte Salazar). Estávamos no início da década de 90 – não consigo, de momento, precisar o ano em que este incidente ocorreu. O então Primeiro-Ministro de Portugal, o senhor Aníbal Cavaco Silva, ainda o actual Presidente da República, decretou o aumento das portagens… e que não era pequeno. Como resposta – e muitíssimo bem dada: é um exemplo a seguir! – recebeu um manifesto da população, a qual provocou um corte no trânsito junto às portagens desta ponte. A reacção – quer em sentido de “a acção tomada”, quer na etimologia de “reaccionário” – foi o ataque desmesurado a estes manifestantes, com recurso à tão afamada Guarda Nacional Republicana (já no tempo do Dr. Oliveira Salazar este recurso era famoso, apesar de então também existir a PIDE/DGS…). O resultado foi chocante (é precisamente este o termo que se deve utilizar!): nas imagens dos media, vê-se a agressão desumana a pelo menos um manifestante (desconheço se não terá sido a mais… a um em particular foi brutalmente enxovalhado). Quando perguntaram ao senhor Cavaco Silva se tinha conhecimento destas ocorrências – que estavam a ser transmitidas em horário nobre por todo o país – afirmou desconhecer… e como tal, recebeu uma resposta (que não foi a adequada devido à escolha tomada, mas que mesmo assim foi muito boa): perdeu as eleições (e daí terá desmaiado, vá-se lá saber porquê!). Enfim, o senhor que se afirmava como um homem que nunca se engana e que tem a certeza de tudo caiu da sua cadeira. Passados uns anos, o povo português esqueceu tudo, perdoou-o e elegeu-o Presidente da República… não sei que diga desta eleição!

Como Presidente da República, ficou mais que provada a sua posição: a favor do neo-liberalismo e do populismo. Deixou as questões dançarinas, falou muito pouco, e por puro medo de ser forçado aprovou a lei que permite o casamento entre homossexuais (não digo, com isto, que sou contra esta aprovação; apenas digo que foi aprovada sem recorrer a qualquer uma das medidas de que dispõe para reprovar uma proposta de lei ou de decreto/lei por puro medo). Esta tese de que “foi por medo” não nasceu na minha pessoa – apesar de que, sem ter conhecimento de já ter existido quem a tivesse afirmado, já a defendo há algum tempo – mas sim numa entrevista realizada pela SIC a Álvaro Cunhal. Foi este dirigente comunista o primeiro a afirmá-lo publicamente, e foi há poucos dias que tomei conhecimento disso. Eu venho reafirmá-lo: um senhor que nunca se engana, e que tem a certeza de tudo, mas que só o afirma para esconder a sua insegurança.

Posto isto, cabe analisar os actuais candidatos à presidência da República Portuguesa, com eleições em 2011. E não como os media ao serviço dos neo-liberalistas, populistas e capitalistas fizeram: sondagens estupidamente antecipadas e sem que houvesse conhecimento (previsível) de todos os candidatos à presidência da República Portuguesa, formatando antecipadamente o sentido de voto e o raciocínio dos eleitores. É das coisas mais anti-democráticas e anti-Socialistas que presencio: as sondagens sem se ter conhecimento de todos os candidatos, ou antes de se poder prever que não haverão mais candidatos - se houver novos candidatos, um que seja, irei realizar uma nova análise, mas prevejo que tal não venha a acontecer e daí a minha segurança em, finalmente, comentar e contribuir para o raciocínio dos meus estimados leitores.

Fernando Nobre é médico, e segundo parece faz parte da AMI, além de ter pertencido aos Médicos Sem Fronteiras. Apesar de toda a nobreza por detrás dos seus actos como médico, temos de analisar o seu discurso. Repare-se que é um senhor que pretende candidatar-se sem partidos (ou seja, como autónomo), apesar de ter participado numa convenção do PSD (em 2002), de ter sido membro da Comissão de Honra e da Comissão Política da candidatura de Mário Soares à Presidência da República (em 2006), foi mandatário nacional do Bloco de Esquerda nas eleições europeias de 2009, e ainda foi membro da Comissão de Honra da candidatura de António Capucho ao Município de Cascais (em 2009). Ou seja: de independente, acho que os caros leitores concordarão comigo: não tem nada! Para mais, o seu discurso é extremamente incoerente… não há uma lógica naquilo que afirma. E muito menos propostas – é um senhor que não propõe nada! Ou seja: prevejo que o lugar de Presidente da República seria, com este senhor, utilizado como já o fora anteriormente mas com uma situação um pouco diferente… o senhor Américo Tomás era o “corta-fitas”, Fernando Nobre será, tanto quanto parece, o “chearman”, para não dizer “o homem da cadeira” (em tradução literal)!

O senhor Manuel Alegre é a alegria da casa… como pessoa, gosta de afirmar-se contra o actual Primeiro-Ministro José Sócrates, mas na hora da verdade como militante do Partido Socialista afirma-se a favor do seu secretário-geral… e afirmo que é “a alegria da casa” por fazer-me recordar a velha piada do senhor Feliz e do senhor Contente: ora está feliz, ora está contente… o que vale, é que não deixa de ser alegre! Como poeta, não sei que diga… como um futuro Presidente da República, tenho a certeza de que a figura que este senhor faria não seria benéfica para um futuro melhor ao país. Para mais que não perdeu o apoio do seu partido, e ganhou o apoio do Bloco de Esquerda – isto vem definir, de uma vez por todas, o quão incoerente é, também, o Bloco de Esquerda como partido… como eu já afirmo há muitos anos, “de esquerda, só tem o nome”!

Como é típico entre os médicos tanto quanto ouço dizer, e não só (infelizmente), há disputas… refiro-me, obviamente, ao senhor Defensor Moura, do qual pouco se ouve falar ou nada… e como nunca ouvi falar nele, penso que não seria bom para o nosso país eleger-se um desconhecido. E como tal, nada mais digo sobre este senhor.

Finalmente ouço falar num de extremíssima direita… o senhor José Pinto Coelho, apoiado pelo PNR – ou seja, pelo partido dos neo-nazis portugueses. Pelo partido que preside e do qual foi co-fundador, já sabemos até demais… não aconselhável de todo, senão passamos a falar alemão, e deixaremos de ter eleições presidenciais para passarmos a admirar o führer, saudando-o com um “sieg heil” de mão torta…

Por último e não menos importante – aliás, o mais importante é este mesmo – temos o candidato do PCP, Francisco Lopes. Recentemente foi anunciada a sua candidatura, e pouco depois foi ouvida a sua entrevista no TVI24. Na minha opinião, Francisco Lopes apresenta-se como um candidato que sabe muito bem o que diz e o que deve fazer. Será o verdadeiro reflexo do Socialismo perdido em Novembro de 1975, o verdadeiro paramédico dos valores de Abril (assassinados), enfim: aquele que poderá fazer algo de útil para um futuro melhor de Portugal.

Para não ficar esquecido, apesar de ainda não ter afirmado a sua recandidatura (caso o faça), devo apenas recordar o que expus para o caso do senhor Cavaco Silva… penso que é escusado realizar acrescentos.

A verdadeira esquerda tem que apoiar Francisco Lopes. Este é o único candidato que apresenta propostas coerentes e concretas, é o único que pode lutar pela reanimação dos valores de Abril, o único candidato que fará frente às medidas anti-patrióticas e reaccionárias a que assistimos com os partidos PS, PSD/PPD e CDS-PP desde há demasiados anos. Aqueles que são verdadeiramente Socialistas – e não me refiro aos do Partido “Socialista”, apesar de não negar que dentro desse partido haja quem esteja lá por engano… apesar do nome, é um partido neo-liberal, capitalista, populista e a favor da “pseudo-democracia” ou “falsa-democracia” em que vivemos – deverão apoiar, eleitoralmente e não só, o candidato Francisco Lopes.

Tal como referi num contributo anterior, a abstenção não é a solução: é a atitude de Pilatos – lava-se as mãos, mas a ordem está dada e o culpado é não só quem tem as mãos sujas do acto cometido como quem as lavou, é aceitar que os outros escolham por nós. A abstenção não pode persistir: venham votos em branco se ninguém concordar com nenhum candidato, e venham votos aos candidatos (de preferência ao único viável – Francisco Lopes), mas acabe-se de vez com a abstenção!

A hora da mudança está sempre presente: basta que não se abafe esse relógio, a fim de poder ouvir-se o soar da mudança! PORTUGAL, ACORDA!!!

Fernando Barbosa Ribeiro

Nota: este texto foi originalmente escrito a 27 de Agosto de 2010.

A (DES)EDUCAÇÃO EM PORTUGAL - 2010


Dizia António de Oliveira Salazar, por sinal um "dr", que e cito: "um povo culto é um povo ingovernável"...

Tal como desde há muitos anos serviu de prova, todos os que governam Portugal desde Novembro de 1975 até à actualidade (e, infelizmente, prevejo que se venha a prolongar...) empenham-se pela manutenção de um povo inculto – e, portanto, fácil de ser governado à maneira deles. Os populistas neo-liberalistas PS, PSD e CDS-PP desempenham este papel com uma mestria assustadora. Já Medina Carreira afirmou, há tempos, que está-se a transformar Portugal numa fábrica de pequenos doutores – hoje, tudo é "dr"! Mas cabe colocar-se a questão: até que ponto além de "dr"s são realmente doutores? Por outras palavras: até que ponto Portugal não é um povo de doutores, mas que realmente são doutores e não apenas portadores de um título quais burros-de-carga que portam umas tralhas e palhas que lhes metem nas costas?

Há cerca de uma semana, ou pouco mais, foi notícia nacional o facto de as médias de Matemática se encontrarem num patamar escandaloso – um em cada dez alunos do 9º ano (o antigo 5º ano do liceu) teve nível 1 (numa escala de 1 a 5), ou seja... se fosse em nota escrita, provavelmente corresponderia ao "Muito Mau" ou ao "Não Satisfaz - (menos)", em valores seria inferior aos 6 valores. Fora outros resultados que não mereceram destaque nos media, mas que de qualquer forma são graves (Português, Físico-Químicas, Biologia e Geologia, entre outras). Cabe perguntar-se, obviamente, como se há-de combater este facto.

Admira a demora com que os actuais governantes vieram afirmá-lo, mas finalmente ouvimos a maior e mais esperada palhaçada de todas: o governo PS vem afirmar como urgente o fim dos chumbos nos liceus. Como era espectável, o maior populista actual – claro que me refiro ao PSD, que conquista eleitores através da afirmação de uns quantos disparates e baboseiras que soam bem aos menos informados e que contentam-se com uma simples oposição sem a proposta de medidas concretas e (talvez) eficazes – veio afirmar-se contra o PS, outro populista de renome. E porquê o fim dos chumbos? Segundo o PS, será porque nos países como a Suécia tal acontece, e porque os chumbos afectam psicologicamente os estudantes.

Se na Suécia tal acontece e há sucesso, é porque o povo tem uma formação diferente da que é imposta em Portugal – veja-se a atitude desses povos noutros contextos como a homossexualidade ou a religião: há liberdade total. Não há preconceitos. E há um enorme combate à ignorância, coisa que em Portugal deixou de existir desde Novembro de 1975, e que não existia antes da Revolução de Abril. Analise-se, primeiramente, o povo português – a fim de contextualizarmos esta teoria à sociedade que temos. Deparamo-nos com uma sociedade onde impera o facilitismo (ainda é recente a hilariante medida de os alunos do 8º ano (antigo 4º ano do liceu) poderem saltar para o 10º ano (antigo 6º ano do liceu) realizando apenas, para tal, um exame – medida que teve, para já, um insucesso enorme), onde impera o oportunismo e com um povo que não possui uma vontade muito forte de trabalhar: diga-se a verdade!

Além disso, os estudos têm de ser pagos – logo, com a onda de desemprego actual, pergunto-me onde serão pagas as propinas, por muito baixas que sejam, bem como os livros. E a onda de privatizações só vem piorar este facto.

Antes de passar a uma análise própria, devo salientar aos caros leitores que ainda sou um estudante (do ensino superior), e que aquilo que afirmo é apenas com a experiência de qualquer outro estudante. Ao invés de limitar-me a estudar e a prosseguir na vida, tenho por hábito analisar tudo o que me rodeia, daí que possa formular uma teoria que, mesmo que não se encontre correcta, já é um enorme contributo para que se encontrem soluções de facto para combater o flagelo da (des)educação em Portugal. Além disso, sou descendente de muitos professores e de um inspector de ensino, que também contribuíram (indirectamente) para a formulação de um ponto de vista próprio. A minha opinião sobre esta matéria, com as devidas actualizações e/ou adaptações (como é óbvio), já formulei há cerca de seis anos atrás (ou seja, então eu era estudante do 9º ano, antigo 5º ano do liceu) – e devo sublinhar que sofreu alterações e/ou actualizações irrisórias até hoje.

Uma correcta análise do estado da Educação em Portugal não pode basear-se, somente, numa passagem de olhos pelos números – é necessário "sujar-se as mãos" e não fazer-se como Pilatos, que pretendeu mantê-las como as mais limpas do mundo. Cada aluno tem o seu problema, e cada professor tem o seu problema. É urgente a análise de cada problema em concreto – por exemplo, os alunos que frequentam uma escola do centro da cidade não têm os mesmos problemas que os alunos de uma escola de um local como a afamada Cova da Moura. E mesmo dentro de uma única escola, o aluno X não é minimamente igual ao aluno Y, o que leva à inevitável conclusão de que só o aprofundamento dos casos em análise pode levar a uma reforma eficaz do ensino.

Bem sei que os exemplos de cada um não são para ser generalizados nem servem de exemplo para todos, mas peço aos caros leitores que me permitam dar o exemplo da minha mãe, actualmente aposentada, que foi professora do ensino primário. Ensinou em diversas escolas, começando a sua carreira nos finais dos anos sessenta. Além de professora, foi metodóloga (explico: um metodólogo era um professor que ensinava, em horário pós-laboral, adultos das mais diversas idades a ler e escrever... aliás, davam-lhes aulas da 1ª classe à 4ª classe), chegou a integrar o corpo de júris para avaliar recém-formados futuros professores para os avaliar no que diz respeito às suas competências para ensinar, directora de escolas (em Benfica) e pelo seu excelente curriculum vitae foi convidada a ser inspectora de ensino (convite que recusou). No último ano da sua carreira (trabalhava então numa escola em Lisboa), foi homenageada com o título de "Melhor Professora do Ano", cerimónia a que assisti (tinha cerca de 13 anos de idade) e que achei mais do que merecido. A dada altura da sua carreira, por volta de 1994 ou 1995, deu aulas numa escola do centro de Lisboa, cujos alunos (sem excepção visível) eram filhos de proxenetas e de prostitutas (passo as expressões). Alguns deles sofriam maus tratos por parte dos pais, outros encontravam-se psicologicamente perturbados devido às "profissões" dos seus pais, etc. Nessa turma, não havia aluno que não fosse tri-repetente ou mais (ou seja: no mínimo, já haviam chumbado três vezes seguidas). Com toda a sua dedicação, analisando cada caso individualmente, conseguiu por fim que essa turma passasse de ano – por motivos que recuso-me a expor, acabou por abandonar essa escola, tendo sido transferida para outra escola. Nessa outra escola, teve um aluno que sofria de um distúrbio que não consigo explicar... literalmente, os olhos nunca estavam parados, e se as letras não fossem quase do tamanho de uma folha A4 ele não conseguia ler nada. No entanto, apesar da devoção e dedicação que esse aluno tinha dos seus pais, nunca se havia compreendido o porquê de ele não conseguir acompanhar os outros colegas. Analisando individual e empenhadamente o aluno, recomendou aos seus pais que fosse a médicos, e estes deram o recado: para o aluno conseguir ler, as letras tinham de ser do tamanho que referi, fora outras coisas que dificultavam e muito a vida da minha mãe enquanto professora. Mas ela ajudou ao máximo: o problema do aluno não era psicológico (era tão normal como eu ou outro qualquer leitor deste sincero contributo), era apenas visual (e, quiçá, neurológico) – ele conseguia aprender tudo como os outros. A última vez que se soube desse aluno, encontrava-se a progredir bem nos estudos, com considerável sucesso (então era aluno do liceu). Fora outros tantos casos – no início de carreira, nas condições que referi, a minha mãe dava, também, explicações ao domicílio. Igualmente fez tal em escolas de Alenquer (isto já nos anos 80, princípio dos anos 90 – ensinou nessa escola, mais precisamente em Canados, durante muitos anos).

Além de querer homenagear a minha mãe, bem como todos os professores deste país, expondo este exemplo, apenas quis sublinhar o seguinte: é preciso analisar-se cada caso em concreto, e não basear-nos somente em números, superficialmente.

Outro ponto de vista: por vezes, o defeito é do próprio professor. É um facto! Nos tempos antigos, além da avaliação dos professores aquando do fim da sua formação (como mencionei, a minha mãe chegou a integrar júris de avaliação como aqueles que tentei descrever), havia também a inspecção das escolas (o meu avô paterno foi inspector de ensino antes e após a Revolução de Abril, e antes de ser inspector foi professor em Lisboa – faleceu em 1977, portanto nunca o conheci). Apesar de se considerar que os inspectores de ensino eram "bichos-papões", pergunto-me até que ponto não era eficaz a avaliação dos professores por esse meio. Do que ouço daqueles que conheceram o meu avô, sei que ele era o mais justo possível, e sei que a minha mãe nunca foi injustiçada por qualquer inspector. O meu pai foi professor de Físico-Químicas e de Matemática, e também nunca se queixou. A proposta – já antiga – do anterior governo de José Sócrates em criar um sistema de avaliação, segundo o qual os professores avaliavam-se uns aos outros, era puramente ridícula, e aplaudi a actual Ministra da Educação quando afirmou (vamos ver se é verdade!) que essa medida não iria vigorar. Essa medida era sinónima de virar os professores uns contra os outros, além da enorme possibilidade da existência de injustiças. Mas uma avaliação correcta dos professores, que não sei qual seria (a inspecção dos professores? a avaliação dos recém-formados futuros professores? outra medida de que ainda ninguém se lembrou?) mas de certeza absoluta que não é a proposta pelo governo PS, seria capaz de produzir bons resultados.

No caso concreto da Matemática, pergunto-me porque é que os professores desta área são formados em Matemática. O meu pai, que foi professor de Matemática, nunca se formou em Matemática na vida (apesar de ser formado numa área de Ciências). O melhor professor de Matemática que tive na vida era formado em Física, o melhor professor de Matemática que o meu pai teve na vida era engenheiro... enfim, pergunto-me até que ponto não seria mais eficaz colocar-se como professor de Matemática alguém qualificado para tal, mas formado numa área de paixão à Matemática e não em Matemática (ou seja: porque não um formado numa área das Matemáticas e não um formado em Matemática). É uma questão a analisar.

E como último ponto de vista, falemos do próprio programa. Como estudante (do ensino superior), devo gritar em plenos pulmões: os programas do liceu estão todos, sem excepção, mal feitos!

O programa de Matemática no 12º ano, por exemplo, é extremamente denso e complexo para ser dado num só ano, enquanto existem anos, também imprescindíveis, mas cujo programa é mais simples e possível de ser dado em menos tempo.

O programa de Português no 12º ano também é um tanto ou quanto denso – eu adorei esta cadeira, e era muito bom aluno a Português, mas penso: para que o "Memorial do Convento" de José Saramago seja dado como deve ser, é necessário mais tempo. Enquanto mero leitor, adoro esta obra (já a li três vezes), mas para a estudar detestei. Porquê? Porque era extremamente complicado analisar-se morfológica, gramatical e sintacticamente a obra. Devo dizer que dou graças ao facto de que o exame nacional que realizei no 12º ano (no ano lectivo 2007/2008) não tinha nada sobre esta obra, mas sim sobre a "Mensagem" de Fernando Pessoa e "Os Lusíadas" de Camões – matérias em que, modéstia à parte, era muito bom aluno – pois considero o "Memorial do Convento" de difícil análise (posso estar enganado). No entanto, ainda no Português, desperdiça-se um ano inteiro (o 10º ano) para ensinar a pontuação, coisa que achei ridícula. Que proponho? Bom, além de que a pontuação deve ser dada todos os anos sem excepção, o programa do 12º ano deve ser melhor dividido – o "Memorial do Convento" necessita de tempo para ser dado, não basta um mês ou dois.

Os programas de Ciências Naturais, Geografia e Ciências Físico-Químicas do 7º ano também se encontram ridículos – em todas estas cadeiras, a dada altura do ano lectivo, dá-se exactamente o mesmo programa: o Universo. Para quê? Concordo que no ponto de vista das Ciências Naturais dá-se maior ênfase a uma parte, a Geografia dá-se maior ênfase a outra parte, e a Ciências Físico-Químicas a uma terceira parte, mas a maioria do tempo é ocupada, nas três cadeiras, com exactamente o mesmo latim. Pergunto-me porque não dar-se o comum das três cadeiras numa só cadeira, e depois com a devida remissão dava-se em cada cadeira o específico dela – poupava-se mais tempo lectivo.

Fora outros programas... mas isso tomaria muito tempo, neste momento, para analisar. Talvez noutro contributo venha a partilhar mais análises que realizei ao longo do meu percurso académico com os caros leitores.

Posso estar enganado, mas repito: é uma análise, e cada análise já é um contributo para se chegar o mais próximo possível da perfeição, já que o alcance da perfeição é impossível.

Um aparte: a carga horária. Todos nos queixamos, e com razão, de que os estudantes passam demasiadas horas nas escolas – eu próprio defendi isso enquanto estudante do liceu. Mesmo assim, pergunto: porque é que em cadeiras com programa mais complexo e extenso só há um X número de horas insuficiente, enquanto para outras há esse mesmo X número de horas que é excessivo por o programa dessas cadeiras ser menor e mais fácil? Quando fui estudante do liceu, só tinha cerca de seis horas semanais de Português e cerca de seis horas semanais de Matemática, porque é que não eram mais? Mas não de seguida, pois o cérebro humano só consegue estar concentrado durante cerca de 30 a 45 minutos de cada vez – foi um estudo realizado recentemente e já se encontra mais que provado.

A questão do estudo acompanhado: defendo-o, mas não da maneira como foi proposto recentemente. Cada professor possui o seu método de ensino e as suas regras sobre como fazer um determinado exercício, bem como um determinado ritmo de ensino – há uns que ensinam uma matéria durante três aulas, há outros que a ensinam durante quatro aulas, e esta discrepância é suficiente para arruinar tudo. Mais: o estudo acompanhado deve ser individual – ou quanto muito em grupos de dois. Cada aluno tem as suas dúvidas e o seu ritmo e facilidade/dificuldade de aprendizagem, e está mais que provado que turmas com mais de 10 alunos dá mau resultado – houve um ano em que me encontrei inserido numa turma que perfazia trinta alunos, para a qual o ensino foi horrível... o barulho que cada um fazia (mesmo que a "segredar") era tal que impossibilitava o desenrolar eficaz da aula, e prejudicava a aprendizagem. Por isso, e não só, também me oponho ao encerramento de escolas: é muito mais eficaz haver turmas de poucos alunos do que turmas de muitos alunos. E isso é a todos os níveis, inclusive a nível universitário.

Quanto aos chumbos: eu sou do tempo em que se chumbava, bem como (em princípio) todos os leitores deste sincero contributo. Eu nunca fiquei traumatizado por isso. E penso que não erro se afirmar que os caros leitores não ficaram traumatizados com isso. E pergunto-me se, a nível psicológico ou sociológico, o facto de pôr fim aos chumbos não penalizará a forma como os jovens vêm o mundo – neste sentido: no mundo dos adultos, há despedimentos, há castigos, etc. Se os jovens recebem uma educação (mesmo dentro de casa) sem castigos por fazerem algo de mal (mas devo sublinhar: castigar não é sinónimo de dar palmadas ou de bater!!!), ou sem os chumbos nas escolas, poderão formular uma ideia errónea daquilo que é a sociedade, e com isso sim ficarem traumatizados. Para mais: o fim dos chumbos só vem apoiar o facilitismo e a transformação do país numa fábrica de doutores – todos somos doutores, mas só alguns têm a cabeça de tal, os restantes só possuem o título. E esse facto vem descredibilizar os que são doutores de título e de cabeça – basta ver-se, a nível do ensino superior, que uma licenciatura hoje não é mais que aquilo a que antigamente se chamava de bacharelato. E os que são licenciados pelo regime antigo (portanto, anterior à reforma de Bolonha), são menosprezados por só se ter em conta o título e não o "por detrás do título".

É urgente alterar-se a forma como a (des)educação se encontra em Portugal, mas não basta uma análise generalizada e superficial, meramente com base em números: é preciso conhecer bem o campo em que se está a trabalhar, é preciso analisar-se cada caso em concreto. Portugal pode melhorar, mas é através do voto em quem proponha medidas com coerência e concretas e não com utopias que irão prejudicar gravemente o país. Ou seja: o voto não pode continuar a pertencer aos populistas, mas sim aos que propõem as medidas concretas e (talvez) eficazes. O voto tem que ser dado aos verdadeiramente Socialistas e não aos populistas neo-liberais e capitalistas. Há que lutar contra a ignorância e à falta de cultura com eficácia, e a limpeza tem que começar em casa: mude-se o sentido de voto em Portugal!

Fernando Barbosa Ribeiro

Nota: este texto foi originalmente escrito a 14 de Agosto de 2010.

COMODISMO + POPULISMO = OPORTUNISMO NEOLIBERAL + CAPITALISMO


Um debate que teve tanto de interessante como de estupidamente aberrante...

Há algum tempo, foi noticiado pelos meios de comunicação social o facto de os hipermercados se encontrarem abertos aos domingos. Penso que para muitos, e eu não sou excepção, é uma óptima notícia (apesar de este facto vir prejudicar ainda mais o comércio tradicional; para mais que este factor não irá fazer com que haja mais contratados – os patrões irão manter os mesmos funcionários, pondo-os a trabalhar ainda mais), pois assim há mais um dia na semana em que podemos realizar as nossas compras habituais para, e permitam-me recorrer a esta expressão, "atestar" as nossas despensas. E na minha opinião, será finalmente uma coisa útil de se fazer ao domingo – não querendo com isto ofender aqueles que frequentem assiduamente as missas. Mas tal como introduzi, debati esta questão com outras pessoas, entre os quais posso dizer que alguns são camaradas meus, outros são neo-liberalistas, e outros são de outros partidos que se afirmam de esquerda (e quem sou eu para negá-lo!). Para ser o mais democrático possível (se é que a democracia ainda existe em Portugal), empenhei-me em tentar compreender os pontos de vista que me expuseram e ter muita paciência para explicar os meus pontos de vista, de longe opostos aos dos neo-liberalistas (como era de esperar, muito infelizmente).

Antes de mais, devo explicar a razão do título... pretendi explicar, como se fosse para crianças, um raciocínio que deveria ser lógico para todos. E que é o que a grande maioria do país não percebe, daí que o país se tenha afundado desta maneira: o povo português cheira os populistas quais cães a cheirar a cauda do outro cão que vai à frente e acha naturalíssimo fazê-lo – pensar e reflectir é difícil e cansativo, daí que não esteja para isso. Os três "F" ainda reinam.

Nesse debate, defendi (e defendo) que não discordo, como já referi, de os hipermercados abrirem aos domingos, desde que (o famoso modo condicional, que tanto perturba os capitalistas) os trabalhadores que se encontrarem de serviço nesse dia recebam o seu devido salário. Das partes Socialistas, ouvi concordância. Das partes neo-liberalistas, ouvi perguntarem-me o que é que uma coisa tem a ver com outra... ora bom, quem me conhecer melhor, sabe que não percebo nada de Economia e de números, mas já comecei a perceber que não basta o curso... é necessária a inteligência, a capacidade intelectual, cerebral, para conseguir perceber determinadas ideias. Um dos neo-liberalistas com que falei é formado em Economia, e dirigiu-me a mesma pergunta. E eu fico boquiaberto... tentei explicar, tal como vou fazer novamente e com todo o gosto e prazer para os caros leitores. Vejamos as seguintes perspectivas: em primeiro lugar, para ser possível a abertura seja de que estabelecimento for, são necessários trabalhadores a fim de atender os clientes, de cobrarem os devidos valores nos produtos (celebrando, assim, os diversos contratos de compra e venda), e inclusive para prevenir algum furto ou para controlar o stock dos produtos (ou seja, a quantidade de produtos existentes para vender dentro do armazém, a quantidade de produtos que é necessário encomendar para que os produtos não se encontrem esgotados, entre outros).

Em seguida, apresentei um ponto de vista, que tentei adequar à maioria da mentalidade neo-liberal, e que é a seguinte: além da Bíblia dizer que Deus criou o mundo em seis dias e descansou no sétimo (talvez para admirar a sua obra), é comum a atribuição de pelo menos um dia de descanso por semana aos trabalhadores, nem que seja para que os mais (ou menos) competentes realizem o devido inventariado das receitas e despesas, bem como do supra referido stock. E mais: quando algum estabelecimento determina abrir num feriado, por norma atribui-se um salário melhor remunerado (não sei se ainda é assim...!) aos trabalhadores que aceitarem encontrar-se de serviço nessas datas. A resposta que levei foi a repetição da questão: "mas o que é que isso tem a ver com os hipermercados estarem ou não abertos ao domingo?" Confesso que só me deu vontade de rir de profunda tristeza... uma resposta destas só demonstra o porquê de o país se encontrar como está – e são estes os que aconselham os que nos governam, e/ou aqueles que nos governam ou governarão, uma matilha de espantosa imbecilidade! Como vinha a propósito do tema, aproveitei a referir algo que já tive oportunidade de referir num outro contributo ("Portugal está a afundar-se!", de 7 de Julho), que é o seguinte: na maioria dos hipermercados (não digo que é em todos por desconhecer se assim é), a maior parte dos (senão todos os) produtos vendidos são importados – a título de exemplo, nos hipermercados "Dia% / Minipreço" são maioritariamente espanhóis... aliás, já verifiquei que passou a ser mais chic, agora são «produzidos na UE», afirmação que me leva a perguntar desde quando as fábricas são da UE, e desde quando a UE é mais soberana que um determinado país – ou seja, o imperialismo napoleónico, hitleriano, norte-americano, etc, está de volta e à vista de todos aqueles que o queiram encarar ou combater de frente.

Um pequeno desvio, muito importante: "eu ainda sou do tempo" em que a Constituição da República Portuguesa dizia (e ainda diz – enquanto ninguém alterar este disposto!), no seu artigo 1º, e cito: "Portugal é uma República soberana (...)", e no seu artigo 7º ainda diz que, e cito: "Portugal rege-se nas relações internacionais pelo[s] princípio[s] da independência nacional, (...)" e "Portugal preconiza a abolição do imperialismo, (...)" – já Jerónimo de Sousa, secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), afirmou e muito bem, no dia 22 de Julho, que se nos encontramos nesta situação nacional gravíssima, além de outros tantos motivos, um deles é o desrespeito pela Constituição da República Portuguesa – recomendo vivamente a leitura desse texto no site (www.pcp.pt), é extremamente interessante a análise realizada, a qual subscrevo. Este desvio é para dizer o seguinte: Portugal não sairá da banca rota em que se está a meter (ainda não se meteu!!!) enquanto não houver uma ruptura com estas políticas anti-patriotas, neo-liberalistas e capitalistas.

O país precisa de uma ruptura patriótica e de esquerda, para que se tente ressuscitar a produção nacional, para que, com uma nova reforma agrária, se ponha fim à situação precária que vivemos, enfim: para salvar Portugal. Ninguém se apercebe, é certo, mas a obtenção de mais produtos estrangeiros propicia o aumento da dívida pública portuguesa. Inclusive citei, nesse debate, um exemplo: Portugal (principalmente nas zonas algarvias) era um dos melhores (senão o melhor) produtores de conservas (ou enlatados) – atum, sardinha, etc. Com as políticas prosseguidas desde Novembro de 1975 (ou seja, políticas neo-liberalistas e capitalistas), toda essa produção foi destruída – pode-se admirar essas fábricas abandonadas ao longo das costas (uma "linda paisagem", diga-se de passagem – e se for acrescida de uns quantos mendigos, ainda melhor!). Resposta que recebi: "então, se essas fábricas causavam prejuízo concordo plenamente com o seu encerramento, não é a nacionalização delas que vai fazer com que tenha menos prejuízo"; e depois, novamente a pergunta "o que é que isso tem a ver com o facto de os hipermercados estarem abertos aos domingos?". Sinceramente, a dada altura cansei-me – o famoso provérbio "pérolas a porcos" enquadrava perfeitamente esses neo-liberais com quem tive o "privilégio" de conversar; de facto, com cassetes daquelas, não vale a pena tentar corrigir os erros das gravações, coisa que me deixa muito desanimado e pessimista quanto ao futuro do nosso país.

No meu ponto de vista, se as fábricas forem nacionalizadas, cabe não só ao Estado como a quem este deposite as competências para gerir aquelas a procura da eficiência – se há prejuízo, corrige-se esse prejuízo. E esta correcção não implica, de modo algum, o encerramento das fábricas! Pergunto: então com as fábricas fechadas e abandonadas, sem produção nacional alguma, qual é o prejuízo que resulta disto tudo? Será que o prejuízo actual não é muito maior do que aquele que resultava (se é que isso é verdade!) do desenvolvimento da actividade da fábrica, da produção? Aí de certeza que não me respondem, a menos que queiram parecer papagaios (sem ofensa ao animal) a perguntar o que isto tem a ver com o facto de os hipermercados encontrarem-se abertos aos domingos...!

Em jeito de conclusão... tentando ser o mais sintético possível, vou relatar-vos um dos maiores prazeres que tive em toda a minha vida. No dia 18 de Julho, participei numa jornada de trabalho para a construção da Festa do Avante! deste ano. Nesse dia, calhou-nos a seguinte actividade: pegar em ancinhos e fazer montinhos das ervas que haviam sido previamente cortadas à máquina. Trabalhei durante cerca de cinco ou seis horas – não sei quanto tempo demorou a pausa para o almoço, daí criar esta margem de erro – com um calor sufocante, sol abrasador, com três boas bolhas nas mãos como recordação (esqueci-me das luvas...), e uma fortíssima dor de costas nos primeiros dias seguintes. Mas devo gritar: fiquei contentíssimo e satisfeitíssimo. E vou participar noutra(s) jornada(s) de trabalho – já me inscrevi numa outra para já [acrescento hoje, 13 de Agosto de 2010: participei nessa outra jornada, em 07 de Agosto de 2010, na qual ajudei à montagem daquilo que será a banca do "Sai Sempre" na Festa - apesar de ter um boné na cabeça, tive como recordação uma ligeira febre devido a insolação, 37,5º, que curei no próprio dia à custa de remédios], e num dos dias da Festa estarei a trabalhar lá com muito gosto. A dada altura, no decorrer do trabalho, não pude deixar de comentar para um dos meus camaradas: "não sei porquê, mas enquanto estamos aqui a trabalhar não me saem da cabeça uns versos do Ary dos Santos". E depois declamei-os, ainda a trabalhar. São estes:

"Quando a terra for do povo,
o povo deita-lhe a mão.
É isto! É isto a reforma agrária
em sua própria expressão:
a maneira mais primária
de nós termos um quinhão
da semente proletária
da nossa revolução."

(in "As portas que Abril abriu")

Nada mais me satisfez tanto como aquelas escassas horas de reforma agrária – o trabalho compensa, o oportunismo não.

E despeço-me, por brevíssimos momentos, com a minha: Portugal tem de revoltar-se contra o oportunismo, o capitalismo e o neo-liberalismo, defendidos pelos populistas PS, PSD/PPD e CDS-PP. Só o esclarecimento e a união das massas poderão trazer um futuro melhor – mesmo que não mostre resultados, como me aconteceu no debate que relatei, vale sempre a pena e deve-se fazê-lo constantemente. Eleitoralmente, tornou-se quase impossível alterar e marcar a diferença – acho que já deu para perceber tal, muito infelizmente. Então faça-se um novo Abril, organizado, que nos traga a reforma agrária, enfim: que nos traga o Socialismo perdido em Novembro de 1975 – e que já virá tarde. Ressuscitemos Portugal!

Fernando Barbosa Ribeiro


Nota: este texto foi originalmente escrito a 24 de Julho de 2010.

OS ERROS DO PASSADO NÃO PODEM SER REPETIDOS!


A situação é gravíssima...

Não me surpreendeu rigorosamente nada, já esperava há muito tempo. Apesar disso, é da obrigação de todos os democratas e verdadeiros socialistas a denúncia e o esclarecimento!

Pedro Passos Coelho, actual face do PSD, traz à ribalta ideias que tresandam a naftalina, que só lhes falta o acompanhamento da velha saudação "sieg heil" e da máxima "tudo pela nação, nada contra a nação" – pretende governar segundo as directrizes que caracterizaram o Estado Novo, esses tempos negros de um Portugal suicidado. Mas não está só: Paulo Portas, um extremista de direita, vem finalmente desmascarar aquilo em que muitos portugueses não querem acreditar: no PS, no PSD e no CDS-PP não há diferenças rigorosamente nenhumas – o que nos reporta à velha frase, que deixo incompleta propositadamente como forma de respeito aos leitores e aos colaboradores do blogue, que é "só as moscas é que mudam". A face do CDS-PP veio afirmar-se disponível para uma coligação entre o seu próprio partido, o PSD e o PS. Acho que com este "descuido" já não deve haver quaisquer dúvidas sobre os populistas neo-liberalistas e capitalistas que nos governam desde há mais de 30 anos – e quem ainda as tiver, urgentemente deverá consultar um médico, não sei se de otorrinolaringologia, oftalmologia, ou qualquer outra especialidade. Já Pedro Passos Coelho demonstra uma ofensiva ainda mais preocupante para o que resta da democracia e do país: pretende uma revisão constitucional fascizante, pondo fim aos direitos fundamentais que tentam igualar, em oportunidades, os pobres aos ricos [acrescento que faço hoje, 13 de Agosto de 2010: e combatendo o socialismo pelo qual tanto Portugal teve de lutar... e que ainda tem de lutar e muito!!!].

Karl Marx e Friedrich Engels, no "Manifesto Comunista", afirmaram e com muita razão: a luta de classes, entre a burguesia e o proletariado, é a mais antiga batalha do mundo, e encontra-se numa preocupante ascensão. Preocupante, pois ainda há quem adira a estes partidos populistas e nacionalistas e vote nestes senhores feudais, sem sequer saber o que realmente está a destinar para o país. Já cantava Geraldo Vandré, revolucionário brasileiro, que nestes quartéis ensina-se uma antiga lição de morrer pela pátria e viver sem razão – neste caso, mutatis mutandis, os quartéis são estes três partidos única e exclusivamente.

E outro facto que verificamos é este: o chamado "partido dos neo-nazis", o PNR, não se manifesta... mais silencioso que ele, só um hamster (sem ofensa ao animal). Tal como outros autores denunciaram, e muitíssimo bem, neste espaço de diálogo e debate, as políticas nacional-socialistas, fascistas, ou como lhe queiram chamar, estão novamente em ascensão, desta vez sob o manto de "partidos sociais-democratas", onde se defende a "social-democracia", seja lá o que isso for – e diz-nos o ditado popular que a limpeza deve começar em casa, ou seja: é em Portugal que devemos começar a marcar a diferença, é em Portugal que urge impedir que esses castradores do socialismo vinguem. Patriotismo nunca foi nem será sinónimo de fascismo, bem antes pelo contrário: o fascismo aproveita-se da chantagem do patriotismo para ganhar terreno (não esqueçamos, como exemplo, os métodos de António de Oliveira Salazar e de Marcello Caetano). Mantendo cada um a sua linha orientadora, a sua ideologia, a esquerda tem de encontrar um fim em comum, que tem de ser o fim do ou combate ao neo-liberalismo e ao capitalismo, às medidas anti-socialismo, às medidas anti-Abril.

Eu costumo ser optimista, afirmando que as portas que Abril abriu estão semi-cerradas e que Portugal encontra-se em coma. A partir de hoje, grito em plenos pulmões, não derrotado pois não me rendo, mas triste e desiludido com o nosso país: Portugal está morto, as portas que Abril abriu estão cerradas a cadeado – novamente! Costuma-se dizer que os erros do passado repetem-se... eu digo que é possível não se repetir esses erros. Neste mundo não existem impossíveis – senão basta lembrarmo-nos de que aquando da escrita das obras de Jules Verne era "impossível" viajar-se de submarino, e no entanto hoje só falta existirem submarinos para mexer a sopa no lugar das típicas conchas.

Como fazê-lo? Isso é mais complicado. Mas com o raciocínio, é possível retirarmos as palas que o neo-liberalismo e o capitalismo colocaram sobre o povo a nível mundial para que possam não ser obrigados a olhar num único sentido, para que possam olhar para os outros sentidos. Senão vejamos: Portugal libertou-se das garras fascistas ao mostrar os outros caminhos possíveis, e daí resultou a gloriosa Revolução dos Cravos. E com isso, vieram os movimentos socialistas, como a reforma agrária – não esqueçamos que, a nível mundial, a reforma agrária portuguesa foi a mais exemplar e gloriosa de todas! No entanto, o cheiro a naftalina asfixiou esse glorioso movimento, a partir dos fundadores dos mesmos partidos que hoje arruínam o país – PS, PSD (então denominado PPD) e CDS-PP, então chefiados por Mário Soares, Francisco Sá Carneiro e Freitas do Amaral. A forma de expressão do PSD não é surpreendente: foi fundado por um ex-membro da Assembleia Nacional (aquilo a que hoje chamamos de "Assembleia da República", de Oliveira Salazar); por parte de Mário Soares, vá-se lá saber... uma coisa é certa: foi dos (senão "o") exilados que viveu melhor, facto que dá-nos que pensar. Da parte de Freitas do Amaral, imagine-se!

A esquerda não se consegue afirmar – os media estão, igualmente, ao serviço do neo-liberalismo e do capitalismo. Que fazer? Recorde-se que o sucesso de Vladimir Lenin não se deveu aos media, apesar do jornal revolucionário "Pravda". As suas teses e tácticas, além das teses dos fundadores da ideologia comunista como Karl Marx e Friedrich Engels, têm de ser revistas e postas em prática com a devida adaptação aos tempos correntes. A luta de massas é a chave para a salvação do país, mas a união das mesmas é difícil no Portugal contemporâneo, por haver uma fortíssima surdez cerebral criada pelos próprios neo-liberais e capitalistas (com os norte-americanos como protagonistas) através das mentiras e calúnias, e pelo combate, ao socialismo e ao comunismo.

O socialismo não é conveniente para os senhores feudais como Passos Coelho, José Sócrates e Paulo Portas, e seus comparsas, que representam uma ínfima parte do país (bem como do mundo). Para a maioria do povo, já não é assim: o socialismo é a resposta à ofensiva da crise, é a forma de conseguirmos viver numa paz mais duradoura, numa vida melhor, num mundo onde impera a fraternidade e a igualdade, enfim: num mundo socialista comunista. Principalmente aos que se julguem anti-comunistas dá voltas ao estômago, mas é verdade: só num mundo socialista comunista há igualdade e fraternidade.

Só o empenho e a luta devem ser recompensados e não o puro oportunismo e populismo, traços caracterizadores dos neo-liberais e capitalistas. A reforma agrária é a única forma de conseguirmos superar a crise que vivemos, que iniciou-se há mais de 30 anos e na actualidade atingiu um dos seus vários auges, talvez o maior de todos até hoje. Só com a reforma agrária o país pode voltar a produzir aquilo que os neo-liberais e capitalistas trataram de impedir no nosso país e promover a justiça social. "Quando a terra for do povo, o povo deita-lhe a mão. É isto a reforma agrária em sua própria expressão: a maneira mais primária de todos termos um quinhão da semente proletária da nossa revolução", escreveu Ary dos Santos e muitíssimo bem.

Continuem-se as lutas de massas como a de 29 de Maio e de 8 de Julho – essas lutas são, verdadeiramente, o exemplo daquilo que todo o país, principalmente a juventude e os desempregados, deve fazer: não permitir o avanço do anti-socialismo! Público é de todos, privados é de alguns: não se permita a privatização!

Se permitirmos que esses senhores feudais privatizem a produção nacional, permitiremos que nos privem das nossas vidas!

Portugal tem de revoltar-se contra o oportunismo e o neo-liberalismo. Só o esclarecimento e a união das massas poderão trazer um futuro melhor. Eleitoralmente, tornou-se quase impossível. Então faça-se um novo Abril, organizado, que nos traga a reforma agrária, enfim: que nos traga o socialismo perdido em Novembro de 1975.

Fernando Barbosa Ribeiro


Nota: este texto foi originalmente escrito a 22 de Julho de 2010.

PRIMEIROS CONTRIBUTOS ESCRITOS


Caros(as) amigos(as) e leitores,

Declara-se, assim, o dia 01 de Outubro de 2010 como aquele em que o blog ABYSSUS LUSITANIS - O ABISMO DE PORTUGAL abre as suas portas a todos.

Antes de ter criado este blog, escrevi (e possivelmente continuarei a escrever) para o blog LIBERDADE E CIDADANIA, cujo seguimento recomendo vivamente.

A fim de todos os meus sinceros contributos se encontrarem reunidos neste mesmo espaço, indico em seguida os links dos textos publicados nesse outro blog. Após a publicação desta breve missiva, serão publicados contributos que já havia publicado por outros meios. Por fim, será publicado o contributo de hoje, que marcará o primeiro dia de vida deste blog.

"PORTUGAL ESTÁ A AFUNDAR-SE", de 07 de Julho de 2010:
http://liberdadeecidadania.blogspot.com/2010/07/portugal-esta-afundar-se.html

"PORTUGAL PRECONCEITUOSO?", de 12 de Julho de 2010:
http://liberdadeecidadania.blogspot.com/2010/07/portugal-preconceituoso.html


Fernando Barbosa Ribeiro