Regresso timidamente
aos meus sinceros contributos, uma vez que devido ao Mestrado não me tem sido
possível estar convosco tão assídua e presencialmente como queria.
E regresso com muito
para dizer, que terei de deixar para outras tantas alturas. Deixo desde já um
sumário provisório: a opinião de “especialistas” da União Europeia sobre como
deve ensinar-se a ler e tempos recorde respectivos, o (Des)Governo que nos
martiriza e respectivas águas furtadas (não as casas, mas sim as águas
literalmente furtadas – para não dizer roubadas!), crimes cometidos pela Ordem
dos Advogados (ou melhor, pelo seu bastonário António Marinho e Pinto). No
presente contributo, vou cingir-me ao tema do meio.
Foi com enorme espanto
que ouvi a mais recente (e excelente) análise daquilo que é o actual
(Des)Governo português (como se os antecessores desde o 25 de Novembro tivessem
sido melhores…): um pé-de-meia autêntico (para não dizer um pé-de-água).
Todas as medidas
aplicadas pelo Governo de Passos Coelho e Portas têm metido água. Ou talvez
não, depende da perspectiva – se somos do povo português, do proletariado, ou
se somos do grande capital, dos imperialistas. Já Lenin advertia para o perigo
do imperialismo, fase superior do capitalismo, analisando assim, na esteira de
Karl Marx mas dando-lhe maior profundidade de estudos, que o capitalismo iria
numa “gloriosa” cavalgada a caminho do imperialismo, a qual só tem um fim
possível (na perspectiva fascista): a guerra. Só a guerra irá pôr fim (para os
capitalistas e fascistas) a esta crise que o capitalismo está a viver.
Para o proletariado,
para os comunistas, democratas, abrilistas e patriotas, esta é de longe a
solução. Para cortarmos o mal pela raiz, é urgente que vingue o socialismo, que
se declare de vez a morte anunciada do capitalismo – o capitalismo, segundo o
que é possível saber-se, perdura desde o século XII, e já deu mais do que
provas que não é um caminho de futuro mas sim de retrocesso. Por sua vez, o
socialismo nunca deu provas de fiasco – antes pelo contrário. A única prova
(com a queda da URSS) que existe é que pode ser traído e, pelos seus traidores,
corrompido.
Este ano é
especialmente dado a chover e a fazer frio: em Junho, é estranho que não haja
mais de 30º centigrados e chuva. Talvez seja de toda a água que o Governo tem
metido – quem sabe? E também do gelo que impera no espírito dos governantes
PPD/PSD e CDS-PP – quem sabe? O mais “cómico” (morbidamente falando) é
verificar movimentos de independentes-mascarados, pois trata-se de
personalidades outrora assumidamente PPD/PSD e CDS-PP (mas que nunca deixaram
de o ser). Ainda melhor: a quem deu jeito (passo a expressão) que o Partido
Comunista Português lutasse a seu lado em defesa do povo e do proletariado
(nomeadamente a questão das farmácias) é quem agora vira as costas para se candidatar
junto daqueles que afirmavam combater. E esta, heim? Advertência: alguma
semelhança com alguma personalidade a nível nacional (não) é pura coincidência!
É sabido por todos:
Salazar governava realizando “contas de merceeiro” (sem ofensa aos merceeiros,
sendo pessoas que merecem o maior respeito – aliás, sou neto de um). Este
Governo, conforme a pertinentíssima observação de Bruno Dias do PCP, governa
segundo as previsões do “Borda D’Água”, metendo sempre água.
Aliás, e agora falando
na perspectiva jurídica (pois, passo a arrogância, sou considerado, para todos
os efeitos, um jurista): este Governo tem seguido medidas ilegais, criminosas e
inconstitucionais. Passo a explicar.
A greve anunciada dos
docentes é louvável. E querem a todo o custo, devido à data de realização de
exame nacional que é, impedir a greve. A Constituição prevê o direito à greve e
ao ensino. O Governo tem avançado com medidas contra-Educação, e tem dado
motivos mais que suficientes para a realização da greve enquanto forma mais
ecoante e solene de manifestar descontentamento e propostas de alternativa ao
que se encontra a ser feito. Não existindo, de todo, meios legais pelos quais a
greve possa ser impedida, tentam levantar lebres (ou coelhos… em homenagem ao Primeiro-Ministro
actual) de combate à greve. Estaremos pior que no Estado Novo? Deixo à
consideração do caro leitor.
Ilegais devido ao
combate assumidamente a desfavor da existência dos subsídios – de Natal, de
Férias e de Desemprego. Bem como, não tão assumidamente, à existência de um
Salário Mínimo Nacional (que actualmente tem um nome muito mais pomposo). Vasco
Gonçalves, enquanto chefe de Governo Provisório, foi o seu criador, e como tal
querem destruí-lo. A própria Constituição (além do Código de Trabalho) prevê que
todos têm direito a estas medidas… e não ao seu fim.
Criminosas, pois o “assalto
à mão armada” às pensões constitui, na sua génese, um crime de furto
qualificado. Mais: a alusão ao fascismo é crime, segundo o Código Penal. Nunca
assumidamente, são estas as práticas do Governo actual.
Proposta: a propósito
do Euro, no qual Portugal nunca devia ter sido metido, faça-se um referendo
nacional para saber qual a opinião dos portugueses – ficamos com o Euro, ou
saímos? A resposta vai ser elucidativa, tenho a certeza. Depois, sobre o
permanecermos na (Des)União Europeia – que também vai surpreender personagens “históricas”
como o actual Presidente da República e um outro que já o era quando este era
Primeiro-Ministro (refiro-me, obviamente, a Cavaco Silva e Mário Soares).
Já para a entrada do
FMI tal devia ter sido o caminho realizado – o que não se verificou.
Por fim, para a Reforma
Administrativa das Autarquias tal devia ser feito, e não foi.
O Tribunal
Constitucional, timidamente, vai “abrindo as goelas” pela inconstitucionalidade
de todas as medidas realizadas pelo Governo. E o povo pá? Não faz nada,
impávido e sereno… excepto nas manifestações e greves – e mesmo assim, não se
vê muito…
Parafraseando um outro
ministro da História portuguesa, “estou farto de levar baldes de água gelada, é
uma coisa que me chateia pá”. E o povo português demonstra o mesmo sentimento
inúmeras vezes. Está mais que na hora de o demonstrar, quer nas atitudes, quer
eleitoralmente. O povo tem de unir-se e “transformar o sonho em vida”,
parafraseando Álvaro Cunhal.
Os direitos
conquistam-se, e cabe ao povo, soberano e total, voz de Portugal,
(re)conquistá-los!
Até breve.
Fernando Barbosa
Ribeiro
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