(texto originalmente publicado no blogue "Liberdade e Cidadania", no qual contribuo)
Eleição Presidencial
Não se deite fora uma das mais importantes conquistas de Abril: o direito e dever cívico ao voto!
De regresso a este espaço de diálogo e democrático, dedico este sincero contributo a uma análise sociológica e política, a propósito das eleições presidenciais que se aproximam.
No dia 23 de Janeiro, o povo português terá a oportunidade de expressar a sua indignação para com as políticas Capitalistas, Imperialistas, de direita, neo-liberalistas, e atentatórias aos valores de Abril e à verdadeira Democracia. Mas, analisando o campo de batalha, poucos expressam vontade em fazê-lo. E porquê? Porque “todos são iguais”. Se me for permitido, e sem quaisquer intenções de defender algum candidato em particular, nego-o. Nem todos são iguais. No mínimo, existem duas excepções: uma personalidade e um acto eleitoral. Adianto desde já que o acto eleitoral a que me refiro é o voto em branco – a única forma de protesto que existe, no campo eleitoral, para manifestar o seu descontentamento para com todos os candidatos sem excepção. Posta esta explicação (que já tinha formulado anteriormente neste mesmo espaço), não sou capaz de implorar (porque o meu feitio não me permite tal), mas peço que o caro leitor não se abstenha… a abstenção é a concordância, o conformismo, a aceitação de quem os outros elegerem. Com a abstenção, perde-se a legitimidade de protestar contra quem foi eleito… porque contribui-se, através deste acto, para a sua eleição. Aplaudo o país (seja o Governo, sejam os meios de comunicação social, sejam os cidadãos individualmente) no que respeita ao incentivo ao voto – isso é o correcto. Se fosse na Alemanha, cada abstencionista pagaria uma coima pesadíssima, entre outras medidas de coacção… não aprovo nem reprovo tal, pois divido-me. Aprovo pois combate a abstenção, mas reprovo porque comete-se um crime, tal como referi. O voto não deve ser coagido, mas sim de livre vontade e determinação de cada um. E ao contrário da “lei” que rege o método de Hundt (para o cálculo dos votos), cada voto tem a sua importância, um voto pode fazer a diferença! Nas eleições presidenciais, irei exercer um cargo nas mesas de voto do local onde cheguei a fazer parte das listas de candidatos à autarquia onde me encontro recenseado, em 2009… e desejo fortemente ver muitos votos, sejam eles quais forem (votos em branco ou votos nos diversos candidatos), só isso iria traduzir-se no sucesso dos sinceros contributos de tantos patriotas e democratas que apelam ao voto. O país agradecer-vos-á por isso, garanto-vos!
Quanto ao candidato-excepção, duvido que alguém desconheça quem apoio (principalmente porque recentemente apareci em todos os meios de comunicação social televisivos a apoiá-lo). Mas independentemente disso, sugiro que ponham à prova (passo a expressão) a vossa inteligência e memória. Cavaco Silva, enquanto Primeiro-Ministro e enquanto Presidente da República foi um autêntico desastre – disso já não há dúvidas (espero eu!). Para mais que soube-se, recentemente, que investiu em acções enquanto no BPN… sabe-se lá para quê… e com dinheiros do Estado. Ou seja: na minha opinião, quem vota nele, duvido que tenha as ideias bem assentes na terra. E mais recentemente, descobriu-se (e encontra-se disponível na Torre do Tombo) as suas folhas para a PIDE, a denunciar um parente e a demonstrar a sua fidelidade ao Estado Novo… verdadeiros democratas e patriotas não votam Cavaco Silva! Cabe analisar-se os restantes. No meu espaço pessoal (Abyssus Lusitanis – O Abismo de Portugal), já tive a oportunidade de analisar mais ostensivamente cada um deles, pelo que neste espaço irei tentar ser mais sucinto.
Fernando Nobre aprecia a chantagem emocional, invocando os militares de Abril como se estivesse a homenageá-los. Antes de mais, recordo que este candidato já exerceu cargos nos partidos centralistas (PS e PSD) – além de chantagista, mente (o que é ainda mais grave). E isto que acabo de afirmar pode ser facilmente provado, através de uma simples pesquisa no motor Google (foi como eu fiz). Excelente médico? Não tenho dúvidas. Mas como candidato a representante do nosso país, não me atrevo minimamente a pôr as minhas mãos no incêndio. Maior incoerente, é quase impossível – hoje diz que defende uma coisa, amanhã já diz que não defende essa mesma coisa e acusa de serem mentirosos aqueles que recordam tal facto.
Manuel Alegre é um excelente poeta (sem dúvidas nenhumas). Mas enquanto político é outro incoerente – enquanto deputado, foi contra Sócrates; há poucos dias, agora como candidato a Presidente da República, defendeu-o e apoiou-o. Mas é coerente numa coisa: foi (e duvido que não continue a ser) um apoiante da “maioria silenciosa” de Spínola, que tentou derrubar o processo revolucionário de Abril. Portanto, pode ser alegre, mas a mim não me dava alegria nenhuma que fosse eleito…
Defensor Moura… quem é ele? Outro do Partido “Socialista”. É escusado avançar com mais coisas… basta isso.
José Manuel Coelho, do PND, madeirense, que com o hastear da bandeira nazi no parlamento regional da Madeira demonstrou o que defende: o populismo. Além desta análise, pode-se dizer que foi, passo a expressão, “um coelho saído da cartola” para estas eleições – visto que até à aprovação da sua candidatura pelo Tribunal Constitucional nunca se tinha ouvido falar dele enquanto candidato às presidenciais. Actualmente, ouvem-se murmúrios e nada mais. Por mais boas intenções que tenha para o nosso país, tenho sérias dúvidas que tenha mais votos que os já conhecidos pelo próprio da Madeira.
Por fim, aquele em quem vou votar. Francisco Lopes, um homem que não era muito conhecido, deputado na Assembleia da República pelo Partido Comunista Português. Mas tudo tornou-se mais claro na campanha: de facto, não é falso quando se diz que votar Francisco Lopes é um voto patriota, de esquerda, e por um país melhor. Este sim apresenta propostas concretas, possíveis (para os poderes de um Presidente da República de Portugal), e sempre em defesa dos valores de Abril, da soberania nacional, do combate ao poder dos mercados financeiros sobre Portugal, em defesa da independência nacional (quem diria que voltaríamos, após 1640, a ter que falar nisto???), a favor da Reforma Agrária para impulsionar (ou melhor, ressuscitar!) a produção nacional. Por isto tudo, e muito mais, é o meu candidato.
Sugiro seriamente uma leitura – “O Analfabeto Político” de Bertold Brecht. Infelizmente, tudo o que este autor escreveu é actualíssimo, mas a este propósito sugiro esta leitura, seguida de uma profunda reflexão. Portugueses, não deixem de votar, não se abstenham. Hitler (para os adormecidos: o führer, o ditador alemão, o nazi) afirmou uma vez (e ficou escrito) o seguinte: “que sorte para os ditadores que os homens não pensem”. Portugal: demonstra que pensas, votando! E votando numa mudança, numa ruptura com estas políticas anti-Abril! Sim, a Revolução também se faz através do voto!
Fernando Barbosa Ribeiro
(liberdadeecidadania.blogspot.com)
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